quarta-feira, 29 de maio de 2013

Encenação Catastrófica

As últimas semanas têm sido pródigas em contradições e esclarecimentos por parte dos membros da coligação que (des)governa o país.

Primeiro, um primeiro-ministro que fala à nação em prime time para explicar aos portugueses as novas medidas de austeridade que visam conter a despesa pública e, deste modo, fazer cumprir os desígnios do défice, impostos pelos credores estrangeiros (também conhecidos por troika).

O problema é que ainda assim, e apesar de ser amplamente palavroso, o primeiro-ministro é parco em explicações. E o país real, incluindo o noticioso e todos os especialistas económicos da nossa praça, passou os dias seguintes a tentar decifrar a mensagem contida na comunicação de Passos Coelho, na vã tentativa de conseguir destrinçar a nova vaga de cortes a infligir aos portugueses e, em particular, aos funcionários públicos, entretanto elevados a inimigo público nº 1 e carrascos deste pobre país à beira-mar plantado.

Segundo, e para que não houvesse dúvidas do desnorte, o vice-primeiro-mistro e ministro dos negócios estrangeiros e líder do CDS/PP, Paulo Portas, também falou à grande nação lusa para ‘comentar’ as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro. Comentar? Fala como membro do governo de coligação, como líder partidário ou como comentador avençado de um canal noticioso? Impressionante este nosso estado das coisas, não? Paulo Portas veio afirmar-se contra uma medida (novo imposto sobre as reformas) que o próprio tinha aprovado em conselho de ministros. Para dias depois a medida deste descontentamento e ruptura constar da redacção final do documento da 7ª avaliação da troika, figurando não com carácter obrigatório mas a adoptar somente “como último recurso e apenas se for necessário”. E, como sabemos, as coisas estão longe de estar a correr bem, pelo que este “último recurso” pode estar bem mais próximo daquilo que os deputados do CDS/PP desejam. A encenação e a hipocrisia tomaram conta do discurso oficial dos responsáveis máximos do país.

E eis senão quando, julgando que já assistimos a tudo, há algo que nos surpreende.

O divino entrou no léxico político português pela boca do Presidente da República, coadjuvado pela intervenção divina da sua mulher junto de Nossa Senhora de Fátima que, por sua vez, terá inspirado o fecho da 7ª avaliação da troika graças a um comentário de Maria Cavaco Silva (!). E não, esta não é uma notícia do ‘Inimigo Público’. Mas é um daqueles casos é que a realidade supera largamente a ficção.

Portugal necessita urgentemente de “boas notícias” mas este tipo de alocuções por parte da figura mais importante da nação não deixa de causar arrepio perante o descaramento e insensatez já demonstrados vezes sem conta. O ridículo abateu-se sobre o Palácio de Belém e não há nada - ou aparentemente nada - que o faça despertar para a realidade.

O último episódio desta novela palaciana esteve relacionado com o agendamento do Conselho de Estado para esta 2ª feira, 20 de Maio, em simultâneo com a comemoração do Dia dos Açores. Este é mais um dado demonstrativo da importância com que o Presidente olha para o país. A este respeito transcrevo uma passagem de um post de Paulo Pedroso (no blog Banco Corrido): «(…) Atendendo a que o assunto em agenda no Conselho de Estado, sendo importante não é urgente, ou o Presidente marcou de propósito a reunião para um dia em que o representante açoriano não pudesse estar, o que nem em dia de delírio conspirativo me passaria pela cabeça, ou ninguém na Casa Civil nem no secretariado do Conselho de Estado deu por ela, o que me parece bem mais provável. Provável, mas não justificado, porque os portugueses não esperam que o Presidente tenha uma Casa Civil adormecida. E quem pratica estes lapsos pode um dia com facilidade deparar-se com erros protocolares catastróficos».

A verdadeira catástrofe, como agora se comprova, foi a eleição de Cavaco Silva com os resultados que se conhecem e com um desfecho deveras imprevisível perante os desafios que se nos avizinham.

* Publicado na edição de 20/05/13 do AO
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terça-feira, 28 de maio de 2013

Novo blog

O Nuno tem novo blog. Já aqui anda na coluna do lado.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Há coisas fantásticas, não há?!

Câmara abre faixa de rodagem no prolongamento da Avenida aos ciclístas
Mais uma prova que, na última década, a gestão autárquica de Ponta Delgada primou por medidas avulso e sem uma prospectiva estratégica.

Perante este exemplo, e outros recentes, é caso para perguntar: Bolieiro, onde é que estiveste nos últimos 4 anos?!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Açores em Rede

«(...) Os Açores são realidades distintas. E no interior de cada uma delas encontramos muitas mais. Considerar exequível a harmonização de costumes, práticas e modelos económicos é reduzir à indiferença as idiossincrasias que tanto apregoamos ter, anular as vicissitudes distintivas de cada ilhéu e acirrar a mesquinhez e os bairrismos que muito contribuem para a desarmonização arquipelágica. (...)»
* Publicado na edição de 06/05/13 do AO
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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ignorância

Ex-presidente dos Açores acusa Cavaco de "ignorância"
Para ler o resto da notícia aqui.

terça-feira, 14 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Medíocre

Ninguém tinha dúvidas quanto ao posicionamento do Presidente da República face às opções governativas do Primeiro-Ministro Passos Coelho. Na cerimónia que marcou os 39 anos da Revolução de Abril ficámos com a prova que faltava.

A leitura daquilo que nos foi dado a ver e ouvir reúne um consenso transversal de quem faz o comentário da vida pública da nação lusa. Se o momento presente exige um nível de responsabilidade acima da média, a postura e a intervenção de Cavaco Silva têm sido pautadas por uma insuficiência gritante que terá culminado com o discurso deste 25 de Abril.

Ao contrário do que alguns círculos políticos possam pensar, as pessoas não são parvas e, no momento actual, a construção de narrativas rebuscadas e a imputação de responsabilidades a quem já não nos governa é meio caminho andado para afastar ainda mais as pessoas da política e de uma cidadania activa. As opções hoje em vigor têm um rosto. E na 5ª feira passaram a ter dois. Por mais que o Presidente da República queira negar, já não pode ignorar que é conivente com a austeridade vigente.

Numa entrevista concedida este sábado, à rádio Antena 1 e ao jornal Diário Económico, o constitucionalista Jorge Miranda considerou que o Presidente da República é "largamente responsável" pela falta de consenso entre os partidos políticos portugueses, sobretudo entre o PSD e o PS.

Mas Jorge Miranda faz uma análise mais profunda e questiona o comportamento de Cavaco Silva após as eleições legislativas de 2009, ganhas pelo PS com maioria relativa, e a forma como tem actuado na crise actual: "Não vi, nem ninguém viu, esforço de aproximação entre os partidos", disse, referindo-se ao modo como o Presidente agiu após as eleições que conduziram à formação do segundo governo de José Sócrates. "A crise já estava instalada" e "não havia condições para a nomeação" de um governo minoritário, acrescentou (in Público 27/04/13).

A este propósito recupero o que peremptoriamente afirmou o sociólogo Boaventura Sousa Santos, coordenador do Observatório Permanente da Justiça, quando numa entrevista ao Jornal de Negócios e questionado sobre se o Presidente da República, Cavaco Silva, tomaria a decisão de convocar eleições antecipadas: "Acredito que os políticos podem não ser brilhantes, e este não o é, pelo contrário, é o mais medíocre que tivemos até hoje, mas tudo vai depender do que acontecer nas ruas". Não posso estar mais de acordo. E a cada dia que passa torna-se mais confrangedora a actuação de quem zela pelo destino do país.

É incompreensível que quem faça um apelo ao consenso possa, no minuto seguinte, atacar ostensivamente a esquerda, quando deveria estar empenhado na efectiva procura de compromissos. Tal não se verificou. E o seu posicionamento é “negativo” para a situação política actual e assaz demonstrativo da inabilidade política com que tem conduzido todo este cenário de crise.

Carlos César, na carta que escreveu ao Jornal i na 2ª feira, acabou por ser premonitório no que escreveu sobre Cavaco Silva: "(…) ir para o governo depois de eleições, numa perspectiva de salvação nacional, poderá ser uma obrigação cívica e a única possibilidade de acautelar que a dimensão de protecção social não é destituída a pretexto da consolidação orçamental. Esse devia ser o contexto útil de empenhamento de Cavaco Silva, mas, infelizmente, este não dá sinais de rectificar a conduta que o tem caracterizado como o Presidente mais partidário de sempre. (…)". A sequência dos acontecimentos acabou por lhe dar razão.

Os desafios são mais que muitos mas necessitamos de outro rumo para o país. Alguém acredita que ainda nos faltam três anos de mandato com este presidente?!

* Publicado na edição de 29/04/13 do AO
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sábado, 4 de maio de 2013

A fé (ainda) não paga imposto





















Retirado da edição de Maio da Yuzin. Foto do Reporter.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Quem diria

Ferreira Leite diz que "andamos a fazer sacrifícios em nome de nada"
A confirmação chega-nos hoje em directo pelas 19h00 (hora dos Açores).