As alterações climáticas estão no topo da agenda, não apenas pelo número crescente de fenómenos climáticos extremos mas, também, por aqueles que negam a existência do problema.
O modelo de desenvolvimento contemporâneo, assente no crescimento infinito da produção industrial e do consumo, é, como sabemos, insustentável.
O planeta já não produz, nem tem os recursos naturais disponíveis, para garantir as condições básicas para um conjunto significativo da população mundial.
Assistimos a uma clivagem cada vez maior entre ricos e pobres, com um aumento vertiginoso das tensões sociais, cujas repercussões têm, em muitos casos, um desfecho previsível (e violento).
Nos Açores, ano após ano, os efeitos das alterações climáticas fazem-se sentir com mais intensidade. Nesta medida, necessitamos aperfeiçoar o consumo e a produção da energia, reduzindo, substancialmente, a nossa dependência energética com o exterior.
Este é um dado incontornável, e deve ser assumido de forma transversal, consubstanciando a estratégia elencada pelo arquipélago, conducente à sua sustentabilidade ambiental e ao inerente equilíbrio com a actividade económica.
Seguindo este princípio, foi apresentado um documento com vista à discussão pública da Estratégia Açoriana para a Energia 2030.
Este documento reflecte um quadro conceptual, no qual a energia apresenta-se “como vetor essencial do desenvolvimento sustentável da Região Autónoma dos Açores e como fator de inovação social.”
Os sobrecustos energéticos numa região arquipelágica, como a nossa, são significativos, consumindo recursos (fundamentais) que podiam ser canalizados para outros sectores.
O caminho para a “descarbonização da economia” passará, forçosamente, por uma crescente racionalização, pela redução e eficiência do consumo, alicerçada nos recursos energéticos naturais (sol, vento, água e geotermia).
De igual modo, pretende-se que esta transição para a economia de baixo carbono possa constituir “uma oportunidade para o crescimento económico”, nomeadamente, pelo surgimento de novas empresas “na área das chamadas tecnologias limpas.”
No entanto, e por estes dias, o parlamento regional discute uma petição sobre a carga fiscal e a formulação do valor máximo de venda ao público do preço dos combustíveis nos Açores.
O que é curioso é que não se questione como é isto possível, de que modo é que o preço dos combustíveis no arquipélago é o mais baixo do país?
Este valor é mais baixo porque alguém, naturalmente, paga o diferencial, sendo que o preço não difere de ilha para ilha. No garante da coesão e da solidariedade regional, e para ninguém seja prejudicado face ao local onde habita, o preço praticado é idêntico para as nove ilhas. Uma posição inquestionável, parece-me.
Contudo, mais do que baixar o preço dos combustíveis devemos caminhar no sentido de reduzir o seu consumo e efectuarmos, na medida das nossas possibilidades, uma mudança de paradigma rumo à nossa autonomia energética. É isto que este documento, agora apresentado, pretende alcançar.
A título de exemplo, deixo-vos aqui esta questão: sabem quanto custa (fazer chegar) uma botija de gás ao Corvo?
Mais do que fazer (e saber) as contas, importa traçar uma linha de futuro e ter consciência de que temos, todos, neste processo, um papel a desempenhar.
* Publicado na edição de 05/11/18 do Açoriano Oriental
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