Os açorianos têm um enorme orgulho na sua terra e no que é ‘nosso’ mas à primeira oportunidade são exímios (e implacáveis) em denegrir os seus conterrâneos (e o Destino).
O ressentimento é uma imagem de marca dos meios pequenos, nos quais as quezílias são motivo para alimentar a discórdia, a inveja e o(s) ódio(s).
Por estes dias, o populismo grassa. O diz que disse, as meias verdades e os comentários numa ‘timeline’ feita de oportunismos, passaram a ser a notícia do dia seguinte.
A distância que (supostamente) nos deve unir passou a ser o (principal) motivo para o (res)surgimento de uma proliferação de reivindicações, algumas a despropósito, outras porque sim, com intuído de alimentar a agenda politizada e a avidez noticiosa, feita de imediatismo, falta de rigor e, não raras vezes, ética.
Esta frase parece, e é, um cliché mas não me canso de a dizer: o mundo mudou (radicalmente) e não será pelo facto de estarmos distantes, de quase tudo, que acontecimentos longínquos não terão um (forte) impacto local.
Importa reter esta ideia. Isto porque, em múltiplas circunstâncias, ao acompanhar o posicionamento de determinados decisores e líderes de opinião, fico com a impressão que permanecem presos a uma região assente em pressupostos desenquadrados, num tempo marcado por uma economia transnacional, existindo, inevitavelmente, um desfasamento no entendimento entre o que realmente se passa e aquilo que ambicionam para o arquipélago.
Não podemos ignorar que uma parte significativa das decisões que implicam (directamente) com a nossa vida em comunidade são tomadas noutros centros de decisão (que não na Horta ou em Lisboa).
Os Açores constituem hoje, como um ontem, um mar de oportunidades. Mas não podemos ficar sentados à espera que algo aconteça ou que o governo assuma (por inteiro) a liderança da iniciativa.
Temos de congregar um conjunto de vontades no devir do investimento colectivo. Para tal, é imperioso sair da nossa bolha (outro cliché, eu sei).
Neste estado de aparente esquizofrenia, no qual, por um lado, o governo é acusado de (ter) um peso muito grande na economia regional, por outro, quando anuncia a redução da sua participação no sector público empresarial, surgem vozes a (re)clamar a necessidade de continuidade dessa presença.
A mesma participação pública que antes era acusada de ser omnipresente, incompetente e despesista, passa, a posteriori, a fundamental e necessária.
Neste ponto, gostaria de frisar que existem decisões (nas empresas públicas) que não são compagináveis com o racional económico. Tal não significa que estas não devam (nem possam) ser bem geridas. A prossecução de algumas acções implica (tão somente) a solidariedade insular que consubstancia o cerne daquilo que define a (nossa) Autonomia.
Posições como as que, esta semana, se fizeram ouvir, nomeadamente, sobre o facto de associarmos a SATA à promoção dos Açores, em que tal poderá “prejudicar o turismo na Região”, são, na sua essência, lamentáveis e um bom (mau) exemplo do quão disfuncional, e paradoxal, significa governar um arquipélago como este.
Isto na (exacta) medida em que, para além dos naturais desafios que se nos colocam, há que (sempre) contar com inúmeras entropias e interesses particulares que, em muitos casos, se sobrepõem ao bem comum.
Daí que, e acima do ruído (das redes), convém destrinçar (no defesa do interesse público) aquilo que é essencial do que é acessório.
* Publicado na edição de 22/10/18 do Açoriano Oriental
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