António Costa, o novo Primeiro-Ministro, manifestou a sua vontade em reunir com os governos regionais dos Açores e da Madeira para “em diálogo (...) alcançar as soluções mais adequadas dentro daquilo que são os limites que os governos regionais e o Governo da República se confrontam”.
Este é, para já, um sinal positivo quanto à visão do país como um todo, contrariando o ostracismo centralista dos anteriores protagonistas.
E não considero, forçosamente, que venham a ser concedidas mais-valias aos Açores pela proximidade que agora temos com Lisboa. A preocupação que estará em cima da mesa na futura reunião com o Governo dos Açores, cuja disponibilidade já foi manifestada por Vasco Cordeiro, é que as especificidades do nosso arquipélago e as responsabilidades dos serviços da República na Região sejam salvaguardados - coisas que, num passado recente, foram deixadas ao abandono.
Mais do que exigir mais recursos da República (que sabemos de antemão ser matéria sensível e de difícil concretização por razões que me parecem óbvias), importa clarificar o posicionamento sobre questões fundamentais como a gestão do mar; da RTP-Açores; da Universidade dos Açores; ou do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, apenas para nomear alguns.
É curioso verificar que alguns temas que estiveram na gaveta nos últimos quatro anos sejam agora resgatados pelos deputados açorianos do PSD que, além de confortavelmente instalados na bancada da oposição, e acometidos pela maleita da identidade perdida, vestiram novamente a investidura da defesa dos interesses da Região.
Caberá, então, ao novo Governo resolver o que durante todo este tempo foi protelado. E não estou a contar que António Costa nos vá resolver todos os pendentes, mas sabemos, de antemão, que não irá fazer ouvidos de mercador e que existe uma predisposição para o diálogo. Nesta, como em outras situações, ajuda ter um amigo em Lisboa que não nos mande ir ao banco.
Museu Carlos Machado
O Museu Carlos Machado foi galardoado pelo Programa Ibermuseus, no âmbito do VI Prémio Ibero-Americano de Educação Museus, com o segundo lugar na categoria de projetos realizados e em curso com - “O Museu Móvel nas Sete Cidades – Um projeto em Andamento”. Esta é mais uma prova que o Museu Carlos Machado não está nem fechado, nem parado. Que a abertura do Pólo principal do Museu (prevista para o 2º semestre de 2016) é uma necessidade urgente e um constrangimento para actividade do Museu Carlos Machado, ninguém ignora e o seu Director é o primeiro a dizê-lo. Não obstante, afirmar que não se fez nada até aqui é de uma tremenda injustiça e uma completa inverdade. Muitos dos críticos que papagueiam por aí são precisamente aqueles que, por ignorância e mesquinhez, não participam, nem têm participado no trabalho inovador que tem sido feito por Duarte Melo e pelos seus colaboradores ao longo da última década. Pior do que falar, é ignorar e falar de um lugar de ignorância.
Prémio Medeiros Cabral
Tenho sempre um enorme pudor em falar de iniciativas que decorrem no Teatro Micaelense, mas, em relação ao Prémio Medeiros Cabral, não posso deixar de salientar o empenho das professoras Alexandra Baptista, Isabel Silva Melo e Paula Mota, da Escola Secundária Antero de Quental, no trabalho que desenvolveram junto dos seus alunos no âmbito da sua participação no concurso. O estímulo e a exposição das crianças e jovens à exploração criativa e artística é estruturante, assim como é o incentivo à sua participação. Com isto não quero dizer que venham a ser todos artistas.
Mas é por intermédio deste tipo de realizações que se desperta para a necessidade imperiosa de incutir a Cultura, nas suas mais diversas acepções, na formação destes alunos, para que sejam, nesta medida, mais capazes de integrar, intervir e compreender a sociedade em que se inserem. Fazê-los participar e fruir Cultura é também um desafio que se coloca ao Teatro Micaelense e foi nesta perspectiva que o mesmo se associou à Associação Seniores de São Miguel nesta iniciativa tão meritória.
Por último, queria deixar uma preocupação muitas vezes partilhada com o director deste jornal (e de outros meios de comunicação social): a urgência de existir alguém que faça de ‘mediador’ entre artistas e público, na medida em que tudo aquilo que hoje nos é dado a ver, ouvir e sentir, da fotografia, ao teatro, às artes plásticas e à música, não é tudo a mesma coisa, nem tem a mesma qualidade.
Por forma a atingirmos uma outra familiaridade com o objecto artístico, falta-nos o confronto com diferentes públicos e um momento (de reflexão) da(o) crítica(o).
* Publicado na edição de 07/12/15 do AO
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