Os jornais estão hoje confrontados com desafios adicionais.
As novas tecnologias fizeram com que os meios tradicionais fossem engolidos pelo enorme fluxo informativo disponibilizado pelos ‘social media’.
Hoje a informação chega, em simultâneo, a mais pessoas e essa possibilidade passou a ser uma arma poderosa.
O impacto destes novos media no jornalismo mundial tem tido muito mais repercussões do que aquelas provocadas pela chegada do online.
Neste processo há um aparente paradoxo: se, por um lado, a “internet e as redes sociais permitem aos jornalistas fazer um trabalho poderoso”, por outro “contribuem para fazerem das edições de jornais em papel um investimento não-rentável” (Emily Bell, EJO 13/04/16).
Os custos destas organizações passaram a ser outros e a rentabilidade da publicidade passou a ser outra.
Este novo paradigma, que é transversal a vários sectores da economia e das sociedades contemporâneas, discorre a uma velocidade estonteante e as mudanças que provoca são implacáveis ante qualquer período de adaptação.
Andamos tão inebriados com as maravilhas que a tecnologia nos oferece que nem nos damos ao trabalho de nos questionar sobre como flui muita da informação que hoje chega até nós.
O poder das grandes empresas de ‘social media’ é cada vez maior e a competição entre os gigantes - Google, Facebook, Apple e Microsoft - pelo controle da informação, pela inovação tecnológica e pelo domínio das mais diversas plataformas digitais é feroz.
Passamos todos, sem excepção, mais tempo do que nunca focados nos nossos dispositivos móveis.
As inovações introduzidas fizeram dos ‘smartphones’ objectos muito mais sedutores que a televisão e as suas aplicações fazem do seu carácter utilitário uma verdadeira revolução ao nível comportamental, elevando o individualismo e a personalização a uma dimensão sem paralelo.
Perante toda uma nova categoria de signos, não é possível mantermo-nos alheados da transformação em curso.
Apesar de estarmos afastamos geograficamente dos grandes centros, estas alterações acontecem a um nível global. Aliás, a questão será precisamente essa: descentralizámos os outrora centros. Pelo que a afirmação da pertinência da imprensa escrita é, hoje, mais que nunca, absolutamente fundamental.
Nos Açores, naturalmente, não somos incólumes às mudanças operadas no sector da comunicação, onde importa reposicionar o tipo de jornalismo que se faz perante uma audiência cada vez mais atenta, mais instruída e mais exigente.
As dificuldades não são de agora, e parte desta batalha pelo acesso à informação se trava, talvez, noutro tabuleiro que não apenas o da impressa escrita.
A coexistência e a complementaridade entre ambos passou a ter diferentes leituras.
Este é também um caminho que o Açoriano Oriental tem e terá de fazer, neste e noutros aniversários.
Alexandre Pascoal
PCA Teatro Micaelense
* Texto publicado a 18/04/2016 na edição do 181º aniversário do Açoriano Oriental
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