Nesta página, e nas que se seguem, os assuntos são múltiplos mas versam,
na sua maioria, quase, sempre, o mesmo: a política e os seus
protagonistas.
Muitos dos que aqui colaboram, escrevem
(gratuitamente) por prazer, por vaidade, como terapia, para o colega do
lado ou para um núcleo muito restrito daqueles que, ainda, lêem jornais
e, estão familiarizados, em pagar por eles.
Por estes dias (difusos)
são cada vez menos os que pagam pela assinatura de uma publicação, sendo
que muitos migraram para o digital ou acabam por aceder aos jornais no
café (que por cá os disponibiliza gratuitamente).
Contrariamente ao
que alguns possam supor, este não é um problema, eminentemente, local, é
um desafio global. A questão local acarreta outros contornos, em que a
dispersão geográfica e a reduzida escala, destes calhaus, agravam,
sobremaneira, as opções editoriais e, por consequência, as económicas.
De
um modo generalizado, as empresas de comunicação estão a atravessar por
um tempo de enormes constrangimentos, provocados, em grande parte, pela
perda de receitas (mas não de leitores). O custo da publicidade desceu
drasticamente, o investimento publicitário não desapareceu, migrou, isto
sim, para outras plataformas, onde hoje é possível definir, com enorme
rigor, o público-alvo que queremos atingir, seja por área geográfica,
por idade ou, simplesmente, pelos seus hábitos de consumo.
Neste
sentido, os meios tradicionais, jornais, rádios e, inclusive, televisão,
estão imensamente pressionados para conseguir ultrapassar este estado
de coisas.
A posição dos gestores tem sido a de cortar (cegamente) os
custos, para reduzir brutalmente a despesa, não raras vezes naqueles
sectores que são primordiais para manter a existência (ou a qualidade)
de um determinando serviço. Existem mais-valias que não são mensuráveis,
pelo que a resposta a um corte, são novos cortes, até a uma degradação
generalizada.
Parte da solução passa(rá) por responder de forma
diferente e não através de soluções passadas para desafios do presente
(e do futuro). A questão está, acredito, na disponibilização de melhores
conteúdos e na forma (meios) como estes chegam às pessoas. Tal como em
outros serviços, a imagem e o preço contam, o cliente está mais exigente
(e já não compra tudo o que lhe oferecem, opta e faz escolhas).
E
por hipótese, no caso de não existirem consumidores para o produto que
disponibilizamos, fará sentido falarmos da prestação de um serviço
público sem destinatário(s)?
Para que isto não seja mais gravoso, é
necessário perceber quem são os receptores, sendo que os Açores de hoje,
por mais incrível que isto possa parecer a alguns, já não são os mesmos
daqueles que conhecemos na década de oitenta.
O tempo é de
especialização, do trabalho para nichos (de mercado) e para comunidades
singulares. O desafio do presente é o de produzir conteúdos
complementares aos que estão acessíveis na box lá de casa. E,
compreender, de uma vez por todas, que o jornal (local e nacional), a
rádio e a televisão pública já não são os nossos (únicos) canais de
ligação ao mundo.
* Publicado na edição de 11/02/19 do Açoriano Oriental
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