Num tempo onde discutimos os benefícios do incremento da actividade física, a prática desportiva, que lhe está subjacente, visa a melhoria da qualidade de vida das populações e promove a competição (saudável) entre os indivíduos.
Na essência é assim, na prática nem sempre.
A política é (por esmagadora maioria) o alvo quando se falam de “casos” em Portugal, enquanto o futebol, em particular, é idolatrado e glorificado, mesmo e apesar dos impropérios, cujos sucessos (individuais) são avançados como referência para aquilo que o país deve (ou devia) ser.
Ele (futebol) está presente em quase tudo, os (piores) exemplos enchem a programação das televisões com vedetas de ocasião, e egos a condizer, distribuindo ressentimento e ódio a quem vê ou por lá, infelizmente, passa.
A irracionalidade clubística, seja em que modalidade for, incluindo, a política, não augura nada de bom, sendo que a incapacidade de olhar para além do desempenho da nossa equipa, por regra, não colhe bons frutos.
A actividade desportiva em torno do futebol é um grande negócio, com múltiplas ramificações e interesses, não podemos ignorá-lo, muito menos escamoteá-lo.
A intenção do alargamento de 10 para 12 clubes no Campeonato de Futebol dos Açores, só porque sim, deve servir de motivo à reflexão dos agentes desportivos.
Em entrevista ao Açoriano Oriental (26/04/19), António Gomes, o Diretor Regional do Desporto, refere que, mais do que as questões económicas, importa “verificar se as condições de base em termos do número de equipas garantem de forma valiosa as provas de ilha e se existem indicadores que assegurem esse futuro.”
Esta não é uma questão menor, e acrescento mais algumas: fará sentido depreciar a formação de atletas formados nos clubes em detrimento da importação de jogadores (aparentemente de forma indiferenciada)? Estão garantidas as condições (logísticas e financeiras) para que este aumento do número de equipas no campeonato regional se verifique ou vivemos na expectativa do reforço orçamental (por subvenção pública)? Temos (a região) condições para apoiar todas as equipas/participantes que (seja em que modalidade for) subam de divisão?
Como resposta plausível, considero fundamental que seja definido um plafonamento do valor máximo de apoio a atribuir por equipa/modalidade. Garantido, deste modo, uma previsibilidade aos clubes para definirem, com rigor, os objectivos de cada temporada.
O que não faz sentido é que intendem o mesmo fim, sabendo, de antemão, que não existem apoios disponíveis (públicos e privados) que possibilitem uma participação ao mesmo nível (e ao alcance de todos).
Manifesto (também) esta minha preocupação por aquilo que assisto, semanalmente, nos campos da ilha e nos jogos de futebol dos escalões de formação. A distância é grande entre aquilo que se apregoa e o que se ouve fora do campo. Os pais nem sempre dão o melhor exemplo. E os clubes também não. Sobretudo, quando são permissivos perante as atitudes de quem assiste aos jogos.
A formação (a educação e a pedagogia) interessa(m) a quem? Ou andamos (apenas) à procura do próximo Ronaldo?
* Publicado na edição de 29/04/19 do Açoriano Oriental
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