A destruição da infraestrutura portuária, na ilha das Flores, em outubro 2019, foi sinalizada como uma situação de catástrofe (e devia ter continuado a ser tratada como tal).
Desde então, os impactos da (falta) de operacionalidade
fazem-se sentir na importação de bens essenciais, como na exportação do que a
ilha produz. Os resíduos sólidos urbanos (RSU) são parte integrante (activa) desta
equação.
Importa salientar que, até 2019, o funcionamento do Centro
de Processamento de Resíduos das Flores decorreu normalmente e que a ilha foi a
primeira do arquipélago a atingir o objetivo de “aterro zero” (2016).
Chegados a 2023, o Governo (Regional) decide “enterrar” 1.300
toneladas de lixo. Com um histórico de crescimento na produção de resíduos
urbanos (1791, em 2021, para 1855 toneladas, em 2022), como foi possível permitir
que esta situação se acumulasse, à vista de todos, ao ponto de se tornar um
caso de “saúde pública”?
Convém recordar que a ilha das Flores é, desde 2009, Reserva
da Biosfera.
Dos partidos da solução governativa e de algumas associações
ambientalistas, nem uma palavra.
Nos Açores, neste, como em outros temas, vive-se um tempo nebuloso
envolto num manto de silêncios (cúmplices).
[+] publicado na edição de 23 junho 2023 do Açoriano Oriental