sexta-feira, 7 de julho de 2023

Silêncios

A destruição da infraestrutura portuária, na ilha das Flores, em outubro 2019, foi sinalizada como uma situação de catástrofe (e devia ter continuado a ser tratada como tal).

Desde então, os impactos da (falta) de operacionalidade fazem-se sentir na importação de bens essenciais, como na exportação do que a ilha produz. Os resíduos sólidos urbanos (RSU) são parte integrante (activa) desta equação.

Importa salientar que, até 2019, o funcionamento do Centro de Processamento de Resíduos das Flores decorreu normalmente e que a ilha foi a primeira do arquipélago a atingir o objetivo de “aterro zero” (2016).

Chegados a 2023, o Governo (Regional) decide “enterrar” 1.300 toneladas de lixo. Com um histórico de crescimento na produção de resíduos urbanos (1791, em 2021, para 1855 toneladas, em 2022), como foi possível permitir que esta situação se acumulasse, à vista de todos, ao ponto de se tornar um caso de “saúde pública”?

Convém recordar que a ilha das Flores é, desde 2009, Reserva da Biosfera.

Dos partidos da solução governativa e de algumas associações ambientalistas, nem uma palavra.

Nos Açores, neste, como em outros temas, vive-se um tempo nebuloso envolto num manto de silêncios (cúmplices).

[+] publicado na edição de 23 junho 2023 do Açoriano Oriental

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