O mundo tal como o conhecíamos escapasse-nos entre os dedos, a mudança faz-se a todos os níveis. Tal como refere Miguel Esteves Cardoso, numa das suas crónicas diárias, algumas destas paisagens (sociais, políticas e culturais) “ainda não sabem que estão a morrer” mas esta inevitabilidade já faz parte do seu quotidiano, na medida em que “todas as mortes são anunciadas” mas “nós é que não sabemos ler os anúncios.”
Por estes dias, o diálogo (político) parece acontecer de
forma unilateral, num exercício de forma em que o debate não mais é do que “uma batalha verbal” (Mariano Sigman) perene de (pre)conceitos, mentira(s) e pouca
noção do real.
Nesta era da exacerbação niilista (de egos e de extremos),
as redes sociais representam um papel primordial, porquanto enfurecem e
inflamam as pessoas, fazendo com que sejamos “cada vez menos capazes de nos ouvirmos uns aos outros” (Michael Sandel).
A somar a tudo isto há quem intente “passar a mentira por verdade ou difame a verdade como mentira” (Byung-Chul Han).
Estes serão, muito provavelmente, alguns dos problemas mais
urgentes com que a democracia está confrontada. Eles andam por aí…e alguns por
aqui.
[+] publicado na edição de 23 fevereiro 2024 do Açoriano Oriental