Nos últimos anos, sucedem-se os relatos da incapacidade de resposta perante a avalanche da procura turística, neste particular, no auge da intensidade da actividade.
O assunto não é novo mas os constrangimentos avolumam-se, o problema é reconhecido por quase todos os parceiros do sector mas as soluções tardam em aparecer, sendo que muitas vezes é referido que não existe questão alguma (leia-se massificação, como se estivemos à espera que ela acontecesse para que, finalmente, decidíssemos reagir).
A implementação da taxa turística (só) será uma questão quando a experiência turística fica(r) aquém das expectativas, e o valor arrecadado não for investido na melhoria da resposta dos serviços (públicos) prestados (animação turística, limpeza e manutenção de trilhos pedestres, recolha de resíduos urbanos, apenas para nomear os mais óbvios), e seja canalizada para pagar outra(s) despesa(s). Uma discussão que urge fazer.
Para além das pendências já identificadas, somam-se os atrasos e cancelamentos da SATA (Air Açores) que faz o que pode (com o que tem) perante a dimensão da procura interilhas, que por mais voos que se façam não consegue suprir a dinâmica da lotação de passageiros operada pelo transporte marítimo (agora em formato circunscrito ao grupo central do arquipélago).
Os constrangimentos provocados pela ‘Tarifa Açores’ não foram devidamente acautelados, a dimensão da procura fez disparar (exponencialmente) os custos operacionais, sem que o valor da indemnização compense o desgaste das aeronaves e o sobrecusto gerado pela contratação de novas tripulações (e das horas de voo das existentes).
Perante a complexidade instalada, estamos a estrangular a circulação interna de turistas, os quais podiam contribuir para um maior valor acrescentado, fundamental para mitigar os efeitos de uma sazonalidade (paradoxalmente) mais acentuada, como a que se experienciou no último inverno (com efeitos perniciosos no aumento generalizado dos preços, uma pressão ainda maior na designada época alta, agravada por uma procura que não tem acompanhado o brutal aumento da oferta).
Antes de ser acusado de uma posição discriminatória, esclareço que não estou a defender que se dê prioridade aos que nos visitam em detrimento dos açorianos, considero que a ‘Tarifa Açores’ deve evoluir para uma solução que privilegie as épocas média e baixa por forma a fazer escoar os turistas que procuram chegar às ilhas mais pequenas sem atropelos de maior (assim respondendo aos naturais anseios dos empresários, e das populações, que investem e escolheram o turismo como modo de vida).