Foto Fachada(s) da Antiga Fábrica do Álcool - Ribeira Grande, Out'09
Investimento na cultura quatro vezes superior ao da República
É director regional da Cultura num Governo do PS depois de já ter ocupado esse cargo num Governo do PSD. Jorge Paulus Bruno não gosta de comparar os dois períodos nem de estabelecer metas a "100 dias". Em entrevista ao Açoriano Oriental, diz que é preciso analisar "com detalhe e ponderação" a revisão dos apoios à cultura que Gabriela Canavilhas estava a preparar e lembra que os Açores investem, per capita, quase quatro vezes mais do que a República na área da cultura.
A sua antecessora, Gabriela Canavilhas, esperava apresentar em 2010 uma revisão da legislação dos apoios culturais nos Açores, restringindo a sua actual abrangência. Conta avançar com esta revisão? Em que moldes?
Considero ainda prematuro pronunciar-me sobre os moldes em que a Direcção Regional da Cultura apresentará uma proposta de revisão dessa legislação. Presentemente é tempo de analisar com detalhe e ponderação este e outros dossiês que estavam em curso.
São Miguel tem neste momento duas grandes obras no sector da cultura em curso: a remodelação e ampliação do Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada e o novo Centro de Arte Contemporânea, na Ribeira Grande. Vamos ter estas duas obras concluídas até 2012? Qual o ponto da situação?
Estas obras encontram-se inscritas na proposta de plano, a aprovar dentro em breve pela Assembleia Legislativa Regional e dotadas dos montantes necessários à sua execução. No caso do Centro de Arte Contemporânea, a instalar na antiga Fábrica do Álcool da Ribeira Grande, estamos perante um projecto ambicioso que vai dotar os Açores de uma nova e intensa dinâmica em torno das actividades criativas, estimulando a criação artística e o contacto dos criadores açorianos com os de outras partes do mundo. A sua conclusão está prevista para 2012. No que respeita ao Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, está em curso e quase concluída, a obra de adaptação e refuncionalização do antigo Recolhimento de Santa Bárbara, onde se irá dar início, em breve, à instalação dos conteúdos expositivos. Por sua vez, o edifício de Santo André será objecto de obras de requalificação e melhor adaptação à função museológica, as quais também pretendemos que estejam concluídas durante a actual Legislatura. Todavia, é necessário não perdermos de vista que o Governo, no sector da cultura, tem em curso investimentos em equipamentos culturais em todas as ilhas e alguns são também de expressiva dimensão, como o caso da nova biblioteca pública e arquivo de Angra.
Quais vão ser as suas prioridades nos primeiros 100 dias como director regional da Cultura?
O meu modo de trabalhar centra-se numa gestão programada e integrada para os próximos três anos, pelo que considero irrelevante falar em prioridades nos primeiros 100 dias, tanto mais que a base de actuação é o Programa do Governo que já está aprovado há cerca de um ano. Para mim, todos os dossiês são importantes e as prioridades são determinadas pela respectiva oportunidade e pelos prazos a que estão sujeitos.
Já ocupou este cargo no passado noutro Governo e manteve-se sempre ligado à cultura. Que diferenças estabelece entre a realidade cultural açoriana e os seus desafios do tempo em que foi director regional pela primeira vez com a de agora?
São tempos, a este nível, dificilmente comparáveis. A sociedade açoriana evoluiu substancialmente ao longo desse período de tempo de vinte anos e a área da cultura não ficou atrás.
Com que orçamento conta para 2010? A cultura vai ser, como quase sempre acontece em época de crise financeira e económica, uma área sacrificada por cortes orçamentais?
Só a proposta do Plano para o ano de 2010 contempla o sector da cultura com cerca de 22,5 milhões de euros, um número nunca atingido até então, mas sucessivamente em crescendo nos últimos anos. Num quadro de sérias contenções orçamentais a todos os níveis, o Governo dos Açores entendeu continuar a dotar a cultura de recursos financeiros que, embora nunca sejam suficientes, são a prova clara de que considera este sector estratégico e estruturante na sociedade açoriana. Comparando com o Governo da República, no corrente ano de 2009, verifica-se uma média de 24,55 euros per capita, enquanto nos Açores essa relação situa-se em 96 euros per capita.
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Jorge Paulus Bruno entrevistado por Rui Jorge Cabral, publicado na edição de 21.11.09 do
AO#
1 comentário:
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