Graffiti, Ponta Delgada, Mar'11
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Tenho evitado abordar este tema não por 'ciúme' mas porque a maioria dos dados disponibilizados estão ao nível do 'currículo vitae'.
Não obstante, é impossível permanecer indiferente à justificação da Câmara Municipal de Ponta Delgada sobre a opção de construir um Museu de Arte Contemporânea. Isto porque, e para quem, como eu, ouviu a argumentação do PSD/A durante a discussão do Plano e Orçamento para 2011 e a respectiva justificação às alterações ao investimento público regional, reduzindo a 0 as verbas alocadas à Cultura, não parece estar a ouvir um partido liderado pela mesma pessoa.
Senão vejamos, a 25 de Novembro de 2010 o PSD/A, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, defendia o seguinte: «(…) Apenas uma intervenção breve para falar relativamente à alteração que fazemos neste Programa 4, designadamente na acção correspondente ao Centro de Arte Contemporânea "Arquipélago". Fazemos uma redução de 6 milhões de euros e que se junta a um conjunto de reduções tanto neste Programa 4, como nos Programas 10, 12, 14 e 18 e que essencialmente correspondem a reduções relativas, neste caso, a este Centro de Arte Contemporânea, noutros casos aos Centros de Cultura e de Congressos, beneficiação de edifícios públicos. Ou seja, um conjunto de investimentos que nesta altura não consideramos que sejam efectivamente reprodutivos e que sejam efectivamente essenciais». Excerto retirado do Diários das Sessões. Ponto.
Posto isso, foi com alguma estupefacção que ouvi, a 3 de Março de 2011, a Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada (e actual líder do PSD/A, um incómodo para a bancada do PSD/A na ALRAA sempre que é mencionado esse facto, vai-se lá perceber porquê!) afirmar, na apresentação do estudo prévio do futuro museu, que o projecto reflecte «um olhar para o futuro com ambição e audácia», que representa «uma mais-valia» para o arquipélago e que «nenhuma região pode dizer que tem equipamentos culturais a mais». Inacreditável! Diria uma camarada. Será que estamos a falar da mesma pessoa e do mesmo partido?! Será esta a tal dimensão regional de que fala o PSD/A, reflectida através de uma posição ambivalente mediante a ilha onde discursa?!
Esta postura não é de agora, nem me surpreende. Aliás, muito deste argumentário é um copy/paste do que tem sido tido pelo Governo Regional e pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista, no que concerne aos investimentos no domínio da Cultura.
Este episódio demonstra, uma vez mais, que o PSD/A tem 2 faces, uma no ataque indiscriminado ao Governo Regional, e outra quando discrimina o Governo e promove exactamente aquilo que critica. Em que ficamos?! O que é mau para os Açores, é bom para Ponta Delgada?!
Alexandre Pascoal
Mar'11
* Publicado na edição de 22 Mar'11 do Açoriano Oriental
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