sexta-feira, 18 de março de 2011

Medeiros Ferreira em entrevista ao i















«O governo apresentou novas medidas de austeridade. O PSD diz que vai rejeitar o novo PEC. Qual é a saída para esta situação?
Eu concordo com a necessidade de eleições antecipadas. Isso parece-me claro. Defendi durante muito tempo uma solução no actual quadro parlamentar, uma espécie de governo de concentração nacional com o apoio de uma maioria na Assembleia da República que conseguisse levar a legislatura até ao fim. Mas os partidos não estão ainda disponíveis para isso.
Ainda?
Digo ainda porque estou convencido que vamos acabar com um governo de concentração nacional, perante as dificuldades que vão surgir. O que indica a apresentação do pacote das medidas de austeridade é que o governo quer, consciente ou inconscientemente, marcar a data das eleições sem tomar a responsabilidade da abertura da crise política, e esta atitude não está isenta de racionalidade. Já se percebeu que o PSD quer queimar este governo em lume brando.
Já não é possível conseguir um consenso?
Nada disto é fácil e não é fácil uma solução. Vai ser cada vez mais difícil governar o país. Desse ponto de vista, quem conseguir passar dos conceitos de consenso, pacto ou compromisso para a realidade é um grande talento político. Provavelmente nem esse consenso ou esse pacto pode ser feito dentro daquilo que as pessoas pensam. Será, se calhar, uma coisa diferente. As pessoas quando falam em compromissos estão a pensar numa aliança entre o PS e o PSD, mas eu acho que seria uma solução fraca. Em todo o caso no quadro actual do parlamento nenhum dos dois partidos está disponível para o fazer. Daí a necessidade de novas eleições.
Já?
Já, porque já se percebeu que um possível governo de concentração nacional, no actual quadro parlamentar, que permitisse que a legislatura fosse até ao fim, não é possível. Em grande parte pela posição pouco activa do Presidente da República, porque ele quer que a crise política seja gerida na própria Assembleia da República. (...)»
Para ler, reflectir e conferir muito do que hoje experienciamos.

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