quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O vazio é total

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Estamos disponíveis para alterar este estado de coisas?!

A campanha eleitoral começa oficialmente amanhã, 3ª feira, 17 de Setembro. Actualmente, não sei em que difere a ‘pré’ da ‘campanha’ propriamente dita: há noticias todos os dias, as máquinas partidárias desdobram-se em iniciativas e os cartazes são nossos vizinhos há já largos meses. Por isso, sinceramente, não sei o que muda. A intensidade ou o ritmo mais frenético com que tudo isto acontece? Será que o discurso também subirá de tom? Até ao momento tem sido delicodoce, sem grandes rasgos e promessas de tempos idos. Aliás, esta tem sido uma campanha eleitoral “discreta”.

O discreto aqui não significa que a mesma está a ser monótona ou desinteressante. Bem pelo contrário: estas últimas semanas têm registado decisões pouco dadas as convenções e que têm provocado reacções em cadeia sobre algo que é, ou tem sido, demasiado previsível.

A decisão do Tribunal Constitucional (TC) sobre a Lei de Limitação de Mandatos, a menos de um mês das eleições autárquicas, é um destes casos inusitados. Perante a trapalhada legislativa que suscitou dúvidas ao Presidente da República, a mesma foi viabilizada pela segunda vez, sem apelo nem agravo, na Assembleia da República. A polémica assumiu a ordem do dia e foi necessário o recurso ao TC para dissipar todas as dúvidas. Os juízes decidiram que a limitação dos candidatos com três ou mais mandatos autárquicos é apenas territorial, pelo que os mesmos podem concorrer a outro município. Considero que esta terá sido uma situação meticulosamente orquestrada para terminar como terminou e num prazo ‘in extremis’. Esta decisão vem tornar a lei inócua e em nada corresponde aos princípios orientadores que estiveram na sua concepção. Todo o espectáculo em torno das candidaturas autárquicas mais mediáticas, e suspensas até esta decisão do TC, em nada abonam a política ou os responsáveis políticos e agudizam ainda mais o sentimento de injustiça (e imoralidade) com que a população olha para quem gere os destinos da nação.

Do mesmo modo que a decisão da RTP, SIC e TVI de não efectuar a cobertura mediática da campanha eleitoral autárquica é algo completamente inédito em quase 40 anos de democracia em Portugal. Esta é já uma questão antiga mas nunca foi tomada uma posição tão extrema como esta. Os directores de informação dos 3 canais de televisão confluem nos argumentos e justificações para uma solução que visa contornar a “interpretação restritiva” que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e os tribunais fazem da lei eleitoral autárquica. Esta lei exige que todas as candidaturas, independentemente da sua dimensão ou influência, tenham igual tratamento por parte dos órgãos de comunicação social. Algo que o legislador já devia ter acautelado mas não o fez. Talvez, com esta tomada de posição, o caso venha a mudar de figura. De momento, esta é uma premissa, lá como cá, muito difícil de alcançar e cuja operacionalização pode, por vezes, revelar-se um “absurdo”.

Perante esta decisão o que dirá a Assembleia Legislativa Regional dos Açores: aprovará novo voto de protesto ignorando por completo as condições de trabalho e financeiras do canal de serviço público regional de rádio e televisão?!

Ao contrário do que diz o Primeiro-Ministro, nas críticas que desferiu ao TC, tornou-se clarividente a importância da existência do mesmo como “um último anteparo antes da desobediência generalizada perante leis aprovadas em sistemas democráticos mas percebidas, pela generalidade de indivíduos, como moralmente injustas” (Gustavo Cardoso, Público, 13/09/13).

Esta percepção pública, de injustiça generalizada, tem afastado a maioria da população da participação massiva nos actos eleitorais. A abstenção continuará a ser motivo de debate e de indignação na noite eleitoral. No meu modesto entender as razões que a justificam são por demais conhecidas dos intervenientes.

Mas será que estamos disponíveis para alterar este estado de coisas?!


* Publicado na edição de 16/09/13 do AO
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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

É Preciso Ir

A exibição regular de cinema comercial voltou a estar disponível em São Miguel e em Ponta Delgada, em particular.

A interrupção das sessões regulares de cinema apanhou todos ou quase todos desprevenidos. Não faltaram vozes a exigir a reposição do cinema. Não faltaram também aqueles que se colocaram em bicos de pés a tentar marcar uma posição ou a esgrimir argumentos sobre uma actividade cujo funcionamento desconheciam (e pela qual nunca se interessaram). De um momento para outro a maior cidade dos Açores ficou sem exibição regular de cinema comercial. Esta foi, até à passada 5ª feira, uma situação incontornável. Na base deste problema esteve o pedido de insolvência da segunda maior distribuidora de cinema em Portugal, a Socorama - Cinemas, detentora da marca Castello-Lopes que encerrou 49 salas nos centros comerciais da Sonae Sierra, entre as quais as 4 de Ponta Delgada.

Mas esta história do fecho de salas de cinema não começou aqui. Primeiro foi o São Pedro Triplex que encerrou, e logo depois as 2 salas do Centro Comercial Solmar tiveram o mesmo desfecho. A abertura do Parque Atlântico, com um complexo de lojas associado, bem como 4 novas salas com condições de projecção e conforto superiores às existentes e uma programação ao sabor do gosto maioritário, foi determinante no destino daquelas salas. Mais: neste mesmo período foi retomada e descontinuada a exibição de cinema em vários pontos da ilha, nomeadamente, na Lagoa, Ribeira Grande (2 salas), Nordeste ou na Vila de Rabo de Peixe, por exemplo. Além disso, a oferta terá sido desproporcional ao público cinéfilo residente, com custos agravados na gestão corrente em termos de oferta e da procura. O declínio e as salas vazias ditaram o encerramento de quase todas elas.

Nos últimos anos a inovação tecnológica facilitou os custos da operação, mesmo e apesar do investimento necessário para a exibição digital, mas tornou tudo ainda mais difícil para os que não puderam acompanhar este processo. Hoje em dia, o número de filmes disponíveis em película (35mm) é residual. Os filmes da grande distribuição existem, na sua esmagadora maioria, em formato digital. Quem não dispor deste equipamento fica fora das grandes estreias, do 3D, e dos filmes que a maioria da população procura ver.

Contudo, não basta lamentar a perda do cinema. Como não basta lamentar o encerramento de algumas instituições e actividades associadas àquilo que agora se convencionou chamar indústrias culturais e criativas. Se o cinema encerrou em Ponta Delgada é porque eram poucos aqueles que lá iam. Os hábitos de fruição estão em profunda mutação. Mas não quero parecer um dinossauro a defender algo cujo fim é inevitável. Para que tal não volte a acontecer não basta o muro de lamentações na timeline das redes sociais, é preciso ir!


* Publicado na edição de 09/09/13 do AO
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pior, é possível!



Não consigo entender em que qualidade fala Pires de Lima nesta visita relâmpago à ilha de São Jorge: Ministro, dirigente do CDS/PP ou CEO da UNICER?!

Foi a um comício do seu partido mas não teve tempo para reunir com o Governo dos Açores sobre um tema de importância fulcral para o arquipélago.

A arrogância do Governo da República e a sobranceria com que olha os Açores começa a ser algo difícil de tolerar.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Word on the streets

Fotografia RX, Ponta Delgada, Set'2013





















Hoje uma coisa, amanhã outra. A credibilidade deste ministro é chão que já deu uvas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nada acontece por acaso

O fim de Agosto dita, em princípio, o fim das férias para muitos. Por cá, e com a proximidade do oceano, podemos prolongar o prazer de mergulhar por mais algumas semanas. Assim, pelo menos, o espero.

Este havia sido anunciado, por um canal francês, como o Verão mais frio dos últimos 200 anos. Não quero fazer nenhum juízo precipitado sobre os meteorologistas de serviço mas o facto é que, se este foi o pior, não quero imaginar se fosse o melhor. Há já alguns anos que não tenho memória, nos Açores, de uma infinidade de dias consecutivos com bom tempo, de sol quase imaculado e com uma temperatura de mar a condizer.

E não foi só o tempo que esteve a nosso favor. Mesmo sem conhecer a totalidade dos números do turismo para este Verão é fácil comprovarmos que tivemos (temos!) mais turistas entre nós.

Assim, e com base nos números oficiais disponibilizados pelo Serviço Regional de Estatística referentes ao mês de Junho deste ano, as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros dos Açores registaram um crescimento de 13%. Para os primeiros seis meses de 2013, os residentes em Portugal totalizaram 168,9 mil dormidas, o que corresponde a uma quebra relativamente ao período homólogo na ordem dos 10%, ao mesmo tempo que os residentes no estrangeiro atingiram as 240,3 mil dormidas, significando um aumento face ao período homólogo de 19,5%. As ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial obtiveram maior peso nos proveitos totais, perfazendo, respectivamente, 65,5%, 15,3% e 9,7%.

Esta evolução é, mesmo e apesar da crise que atravessamos, um sinal positivo. Não devemos entrar em euforia(s) e julgo que a leitura deste resultado deve ser profusamente analisada para percebermos o que resultou, o que falhou e o que não pode, nem deve, ser repetido.

No entanto, e a comprovar-se o que escreve o director do Açoriano Oriental no seu editorial de 25/08/13, não devemos olhar para o curto prazo, nem cometermos os erros do passado.

Segundo Paulo Simões, "alguns dos nossos hoteleiros parece que ainda não aprenderam a lição e, deslumbrados com a intensidade da procura, rapidamente esqueceram as agruras de ontem e voltam aos mesmos erros de sempre, em busca de mais uns trocos fáceis. Ainda há dias era possível encontrar num dos sites de reservas online mais conhecidos um hotel açoriano a alugar quartos pela módica quantia de 600 euros por noite! Gralha? É possível, mas não é admissível. Tal como não é admissível que hotéis com quartos por alugar neguem esses lugares às agências para os poderem vender de forma isolada aos preços que entenderem, e aqui estamos a falar de valores claramente acima do que pode ser considerado razoável (…) e com este tipo de comportamento esses hoteleiros não só colocam em risco o seu negócio na época baixa, como comprometem todo o setor na Região".

Não sei se este exemplo é real mas a sê-lo pode ter, na minha perspectiva, várias leituras e não apenas esta, mais restritiva e negativa. Julgo que não é mau que hajam quartos nos Açores a €600 e que possam ser efectivamente vendidos. Era bom que o nosso turismo fosse mais qualitativo e menos quantitativo. Mas para isso é necessário operar uma mudança significativa ao nível dos comportamentos, senão mesmo uma revolução, transversal a todo o sector do turismo e à qual os políticos (governantes e autarcas) não estão imunes.

Mais: ninguém julgue que pode efectuar mudanças neste sector económico sem que haja uma predisposição de toda a população, além daqueles que vivem do turismo, para uma melhoria significativa dos serviços prestados.

E nada, mesmo nada, acontece por acaso.


* Publicado na edição de 02/09/13 do AO
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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Razão (ou da falta dela)

Regresso à agenda política para olhar as eleições autárquicas do próximo dia 29 de Setembro.

O ruído visual passou a ser uma constante. Julgo que poucos farão a sua opção com base no cartaz do seu candidato. A proximidade com os eleitores e o passar da mensagem faz-se através de múltiplas plataformas que hoje existem ao dispor das chamadas máquinas partidárias ou de campanha. Não obstante isso, a multiplicidade de cartazes, mupis, outdoors, autocolantes e bandeiras suspensas e afixadas em postes e árvores, e em todo o espaço público disponível ou à mercê desta actividade, é alvo de uma sinalização partidária. E aqui ela não escolhe cor.

Não sou contra, é-me indiferente. E neste tempo considero que parte desta forma de comunicação é obsoleta. Há sectores económicos que dependem do frenesim das campanhas eleitorais? Sim, claro que há. A minha opinião não vai no sentido do denominador populista em torno do despesismo e do desperdício dos dinheiros públicos. Esse discurso existe e é, na sua essência, risível e contraditório perante os actos públicos de alguns dos candidatos. Contudo, considero que será muito mais vantajosa uma opção em torno da promoção de fóruns de discussão, nos quais exista um encontro directo com a população e uma troca efectiva de ideias em torno da cidade, da freguesia ou mesmo da ilha, no caso dos Açores.

O ambiente político que o país experiencia não é motivador, nem propicia uma participação massiva dos eleitores. Mas não deveria ser exactamente o contrário? Perante o cenário que existe, não devíamos - todos - demonstrar o poder que temos nas mesas de voto? Ou o modelo de cidadania dos portugueses está circunscrito à mesa do café ou às redes sociais? As altas taxas de abstenção que ano após ano teimam em não baixar deviam constituir motivo de preocupação acrescida para todos e não apenas dos políticos. É uma questão de sociedade ou da falta dela.

Passando ao cenário nacional, transcrevo uma passagem de um texto de António Guerreiro publicado no Ípsilon de 09 de Agosto, onde este sintetiza com particular acutilância alguns exemplos recentes da vida política em Portugal, em que vários políticos vieram a público dizer que agiram dentro da legalidade. Na sua perspectiva, "quando um político evoca a seu favor a estrita legalidade, quase sempre se colocou fora da legitimidade, isto é, à margem do próprio princípio que funda e legitima o exercício do poder político, as suas regras e as suas modalidades. (…) Por isso, querer resolver certas questões (como a da possibilidade de os presidentes de câmara se poderem candidatar a outra câmara quando já cumpriram o número limite de mandatos) através do direito, levando às últimas consequências a interpretação da legalidade formal, é entrar na perda irreparável de toda a legitimidade substancial".

No seguimento desta leitura, José Manuel Fernandes na edição de 23 de Agosto do jornal Público, diz o seguinte: "As eleições autárquicas deste ano podiam ser muito interessantes pelas melhores razões. (…) Infelizmente estão a ser interessantes pelas piores razões, e não apenas pela balbúrdia instalada em torno da interpretação da lei (…)".

A crise não será apenas económica, extravasou largamente os índices bolsistas e disseminou-se por toda a sociedade. No meio do caos civilizacional em que nos encontramos, teremos perdido a razão?


* Publicado na edição de 26/08/13 do AO
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Just the facts, sir!

1º facto
"não é a propaganda política que me diz o que devo fazer, sou eu que determino como devo apresentar-me ao povo"
2º facto






Esta postura faz lembrar a antiga titular do cargo, mestre na arte de proclamar um: "Faz o que eu te digo não faças o que eu faço".

A memória é curta e a hipocrisia, infelizmente, não morre solteira.

* Informação retirada da edição de 27/08/13 do Açoriano Oriental.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Enganadores

Finda a 'crise política' e de 'coesão' no seio da coligação que (des)governa Portugal os discursos inflamados do Presidente da República - satisfeito com a mediação por ele conduzida - e do Primeiro-Ministro - que fala de "um novo ciclo de acção do Governo" - irradiam confiança e satisfação de um tempo que parece não ser o mesmo em que vivem muitos portugueses.

O "novo ciclo de acção do Governo" liderado por Passos Coelho que diz caracterizar-se pelo "crescimento económico e combate ao desemprego" foi anunciado pelo PSD no rescaldo da decisão de Cavaco Silva de não convocar eleições antecipadas e avançar para remodelação governamental.

Passadas duas semanas do final deste triste episódio que ensombrou o país durante o mês de Julho, eis que outras sequelas têm mantido este 'robusto' Governo no foco da agenda mediática. Não julgo que seja por mera picardia ou birra dos jornalistas. O sucedâneo quotidiano do que temos vindo a assistir é mau demais para levar a sério (mesmo com uma boa dose de tolerância) todo este rol de governáveis.

Na primeira decisão deste "novo ciclo" (será circo?) o Governo da República pretende cortar 10% das pensões da função pública, em pagamento e com um valor superior a 600 euros, já a partir do próximo ano. A proposta foi apresentada na passada 3ª feira aos sindicatos e prevê também uma alteração na fórmula de cálculo dos futuros pensionistas. Num caso e noutro o resultado será uma redução no valor das pensões.

Os cálculos das pensões e das regras que as definem são complexos e extensos. A lei prevê ainda que o recálculo das pensões seja reversível "num contexto de crescimento económico do país e de equilíbrio orçamental das contas públicas". Mas para que os cortes sejam suspensos será preciso que, em dois anos consecutivos, a economia cresça 3% ou mais e que, ao mesmo tempo, o défice orçamental seja de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, um cenário longínquo, idílico perante as circunstâncias que vivemos, e que só será possível, na melhor das hipóteses, depois de 2020. No entanto, uma coisa é certa – no futuro as pensões serão mais baixas. Isto ninguém nos tira.

É este o "novo rumo" que Passos Coelho preconiza, o ataque sistemático aos funcionários públicos como os culpados supremos da situação a que chegamos?

Talvez seja esta a fórmula encontrada para desviar as atenções da sucessão de trapalhadas SWAP em que a novel Ministra das Finanças está enredada e que culminou na demissão do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, sobre o qual Nicolau Santos (Expresso) escreveu o seguinte: «(...) A primeira conclusão é que, portanto, o Governo escolheu para secretário de Estado do Tesouro um senhor que é manifestamente tolinho ou completamente incompetente. A segunda é que, ainda por cima, o senhor sofre de amnésia prolongada, o que não é compatível com as funções que exerce. O terceiro é que se as anteriores afirmações não são verdadeiras, então Joaquim Pais Jorge mente. O que também não o aconselha para as ditas funções. Embora, claro, esse seja o seu pecado menor, face aos exemplos que vêm de cima

Popularmente é dito que os bons exemplos "vêm [sempre] de cima". No exemplo que nos é dado pelo "novo" Governo de Portugal isso manifestamente não acontece. Pior, os "exemplos" que dele emanam são, na sua esmagadora maioria, enganadores.


* Publicado na edição de 12/08/13 do AO
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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Brincar aos pobrezinhos

Campo de São Francisco, Ponta Delgada, Agosto 2013

















(...)

Arranjos

Iniciaram-se os 'arranjos' no Campo de São Francisco, em Ponta Delgada. A menos de dois meses das eleições autárquicas não deixa de ser assaz curioso este tipo de actos de gestão. O projecto não prevê dotar o local de infraestruturas capazes de dar apoio logístico (Wcs em número suficiente, espaço de apoio a quem pernoita, por exemplo) às manifestações religiosas que ali decorrem e que todos os anos fazem deslocar milhares de pessoas. O que é, desde já, uma opção incompreensível para não lhe chamar outro nome. Um pormenor. O banco de Antero, em tempo de obras, ficará ainda mais ensombrado. Um local simbólico votado ao esquecimento. Mesmo e apesar de um roteiro que o homenageia.

Os actos são bem mais importantes que palavras vãs (e vazias de significado).


* Publicado na edição de 05/08/13 do AO
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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sem comentários

Campo de São Francisco, Ponta Delgada, 28 Julho'13





















O banco de Antero tem sido objecto de negligência e abandono. Os arranjos em curso deixaram-no ainda mais prostrado.

PS: para quem não conhece, e acha que nada foi feito, fica aqui a ligação para o Roteiro de Antero de Quental

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A crise (política) segue dentro de momentos

Quando todos aguardávamos por uma decisão, mais ou menos óbvia, para a proposta de governo apresentada por Passos Coelho, eis que Cavaco não decide coisa alguma e devolve aos partidos a responsabilidade da resolução da crise política gerada pelas demissões de Vítor Gaspar e Paulo Portas.

Cavaco Silva fez o que sempre faz melhor: nega determinantemente a assunção do ónus desta questiúncula político-partidária e pede para que sejam os líderes - os mesmos que até aqui têm estado em constante desacordo - a resolver a coisa pela sua própria mão e em nome da "salvação nacional".

Nada disto me parece razoável. Nem sei como é que se pode promover tão irrealista solução perante os medos e receios que, de forma extensa, fez questão de detalhar na sua intervenção da passada 4ª feira.

Porém, uma coisa passou a ser óbvia: o Presidente não esconde o seu desconforto perante a ascensão política de Paulo Portas e, de forma directa, questionou a "credibilidade" e a "consistência" da renovação governamental proposta pelo actual Primeiro-Ministro.

No momento em que escrevo estas linhas discute-se o início das conversações entre PS, PSD e CDS/PP, com vista a viabilizar o acordo de médio prazo proposto pelo Presidente da República. Algo que me parece difícil de materializar, pelo menos nos moldes idealizados.

No entanto, existem três dados que passaram a ser concretos após a declaração de Cavaco Silva: primeiro, eleições antecipadas em meados do próximo ano e após o fim do programa de assistência financeira; segundo, medidas que visem o acesso aos mercados no pós-troika; e em terceiro lugar, um acordo de médio prazo para a sustentabilidade das contas públicas e do controle da dívida externa.

Contudo, considero que o Presidente da República, quando afirma que "(…) se esse compromisso não for alcançado, os Portugueses irão tirar as suas ilações quanto aos agentes políticos que os governam ou que aspiram a ser governo", não assume uma posição imparcial no espectro ou na sua tarefa de governar em nome de todos os portugueses. Sabemos, e ele também, que o PS já disse que não irá fazer parte de uma qualquer solução governativa sem que haja eleições antecipadas. Esta posição é bem capaz de comprometer a solução protagonizada, o que julgo ser - em parte - um dos objectivos desta "solução de compromisso". Se bem que Cavaco Silva também não morre de amores pelos restantes líderes partidários, incluindo Passos Coelho.

Este é, provavelmente, o derradeiro grito de um Presidente moribundo e impopular que intenta aqui um golpe "surpreendente" e "inusitado" (António José Teixeira, SIC-Notícias).

A crise, política e económica, nacional e internacional, sobretudo europeia, é tudo menos de resolução simples e imediata. Julgo que a solução para a gravidade dos problemas que nos atropelam não deve ser balanceada com a leviandade com que os agentes políticos nacionais a têm conduzido.

A "salvação nacional" não é um colete-de-forças. Os meus receios - que o pior ainda está para vir - agudizaram-se. A crise (política) segue dentro de momentos.


* Publicado na edição de 15/07/13 do AO
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terça-feira, 23 de julho de 2013

Pior é impossível
















E quando se espera que haja alguma decência, sentido de responsabilidade e, sobretudo, bom senso, o Primeiro-Ministro não consegue deixar de, uma vez mais, nos surpreender.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Crónica de uma morte anunciada

Os sinais para o que se passou, esta semana, andavam por aí. Ninguém os queria ou quis ver. A demissão de Vítor Gaspar precipitou-se após uma ida ao supermercado, na qual terá sido presenteado com alguns populares mais exaltados. É caso para perguntar: há quanto tempo é que o Ministro não ia às compras? Terá conseguido passar os últimos dois anos longe da realidade ou do país real? A carta de demissão por ele apresentada acaba por ser um mea culpa por assumir o que nos era evidente: a falência das medidas e das previsões de um tecnocrata isolado governamentalmente e de um governo incapaz de honrar os compromissos que assumiu com a Troika. Aliás, será esta a questão que estará na base do episódio novelesco com que Passos e Portas brindaram os portugueses. Ninguém foi capaz de pôr em prática os cortes sociais de 4,7 mil milhões de euros, na já famosa reforma do estado tantas vezes anunciada, outras tantas adiada e que, por razões que todos conhecemos, foi esta semana esquecida e passada para segundo plano.

A imagem pública de Paulo Portas sai muito fragilizada no final desta contenda. Isto apesar de sair reforçado politicamente e ministerialmente da birra que protagonizou. Será que, por uma vez, terá medido as consequências financeiras da sua decisão irrevogável? O nível de irresponsabilidade demonstrada apenas reforça o preconceito popular em relação à classe política. E fica mais uma vez provado o respeito que estes políticos têm pelos sacrifícios dos portugueses, na exacta medida que o nível de danos introduzido por esta crise politica na credibilidade das instituições nacionais, perante a voragem dos mercados e dos credores internacionais, coloca-nos irremediavelmente perante o indesejado segundo resgate. Num só dia a bolsa nacional caiu 5,31% e perdeu 2.650 milhões de euros. Esta é apenas uma pequena parte do custo directo do amuo do actual (ex?) Ministro dos Negócios Estrangeiros. Será que podemos continuar a confiar o comando do país a alguém com este grau de personalidade flutuante?

Aparentemente há uma solução de compromisso no seio da coligação. Segundo Passos Coelho, na leitura da declaração conjunta com o PP do passado Sábado, os dois partidos chegaram a um “acordo sólido e abrangente”, o qual “reúne as condições políticas necessárias para o Governo chegar ao fim da legislatura e assegurar o cumprimento das nossas obrigações internacionais”. Nada disto é plausível. Continuamos no reino da fantasia. E depois de tudo a que assistimos esta semana, e que nos últimos anos foi dito por Vítor Gaspar e pelos ‘iluminados’ técnicos da Troika, nem uma palavra de apreço sobre o obreiro do milagre da contenção do deficit e da salvaguarda das contas públicas. Aliás, é curioso, agora, ouvir muitos dos que profetizaram sobre as benfeitorias da receita de Vítor Gaspar e que, neste momento, negam tudo o que disseram até aqui. O falhanço esteve sempre à vista de todos, apenas negámos o óbvio. E ele chegou pela pior via. Pelo ego cego de políticos egoístas e impreparados, cuja ambição ultrapassa largamente o espectro partidário, transformado em mero instrumento ao dispor de uma birra meticulosamente planeada.

Não quero continuar a ‘bater no ceguinho’, mas é impossível evitá-lo. Amanhã, 3ª feira, o Presidente da República irá reunir com os partidos com assento parlamentar, para depois decidir se convoca eleições antecipadas ou aceita a proposta de renovação governamental de Passos Coelho. Cavaco Silva não é um político de roturas, mas de conveniências, pelo que não tem espaço político para fazer outra coisa que não seja aceitar a proposta que lhe foi comunicada, a qual encerra condições por ele estabelecidas.

Pelo que o desfecho para todo este imbróglio é apenas adiado por tempo indeterminado. A coligação está ferida de morte. A sua continuação é a crónica de uma morte anunciada. Resta saber por quanto tempo mais. E que terá no Presidente da República um, senão mesmo, o principal responsável.

* Publicado na edição de 08/07/13 do AO
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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Nobody’s Perfect”

«(...) O mundo está em mudança. Caminhamos no sentido de algo novo mas que ainda não é certo. As certezas de ontem são hoje uma grande incógnita. Lamento Sr. Presidente, mas nobody’s perfect».

Para ler na íntegra aqui.

* Publicado na edição de 24/05/13 do AO
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quarta-feira, 3 de julho de 2013

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sem palavras

















Isto é tudo, menos normal.