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"Anagrama", 2009 | Daniel OliveiraO índice de actividade cultural dita “erudita”, entre nós, tem estado “elevado”. Esse facto, graças à actividade programática, sobretudo, de privados e das instituições tuteladas pelo Governo Regional, faz com que Ponta Delgada se posicione a um nível equivalente ao de algumas cidades nacionais de média dimensão. Se por um lado é verdade que a actividade tem sido mais intensa, por outro, não é menos verdade que não é fácil ser-se actor, mesmo que secundário, neste filme.
As dificuldades financeiras inerentes ao sector, fruto das suas idiossincrasias e, sobretudo, da “escala” e dos “números” torna difícil a sustentabilidade de alguns projectos e iniciativas. Não obstante todas estas questões, o facto é que o apelo à criatividade e à dinamização cultural, por parte da Direcção Regional da Cultura, tem sido contínuo e sofreu, inclusive, um aumento orçamental. Em 2009 esse valor é superior em 2,6% relativamente a 2008, sendo que a Cultura nos Açores detém
2.03% do orçamento regional. O que não deixa de se constituir como um dado muito importante e que atesta o empenho governamental na promoção da Cultura dos Açores no Mundo (alguns exemplos desta dinâmica: representação na
Arco, em Madrid; pavilhão na
Feira do Livro de Lisboa e a representação da
Azores Film Commission, no Festival de Cannes). Não posso, igualmente, deixar de referenciar algumas iniciativas recentes, de enorme relevância cultural, como o programa
Câmara Clara dedicado aos Açores (emitido a 12.07.09 pela RTP2); o
Ciclo de Cinema - Jazz no Colégio, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada; a exposição “Peças Soltas” de Ana Vieira, na
Galeria Fonseca Macedo; o concerto magistral de
Philippe Jaroussky, inserido na
temporada MusicAtlântico, na Igreja do Colégio, ao qual ninguém ficou indiferente.
A “cultura erudita” pode, de facto, “acontecer em qualquer parte”, como
referiu depreciativamente a presidente do município de Ponta Delgada, mas o facto “dela” acontecer entre nós, é algo que não deve, nem pode ser menosprezado, na medida em que a
Cultura se consubstancia como um factor capital do nosso desenvolvimento. E talvez, por isso, este “género” seja considerado “menor”, por alguma oposição, sendo que é, muitas das vezes, omitido e minorado. Esse, felizmente, não é o entendimento da maioria.
* Publicado na edição de 21/07/09 do
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