domingo, 30 de setembro de 2012

A política do «vale tudo»

Como é que nos Açores se defende que Passos é um produto fora de prazo e se vem para o Continente sustentar o contrário?

A resposta num blog aqui tão perto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Extinguir Q/b

«A longa e polémica história da Fundação do PSD-Madeira que o Governo não extinguiu»

A ler.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ganhar o Futuro

[Tinha planeado escrever algo completamente diferente. Lamentavelmente, a agenda noticiosa da semana não deixou margem para dar folga aos assuntos na ordem do dia. Posto isto, vamos ao que interessa.]

Não é preciso ser economista ou superdotado para perceber o clima depressivo em que se encontra o país, as pessoas e a economia real. A manifestação deste sábado é a prova que, pelos vistos, faltava.

Passos Coelho já tinha feito um pré-anúncio para mais medidas de austeridade quando afirmou, a 05 de Setembro, que «Todos desejaremos, não tenho dúvida nenhuma, ultrapassar as nossas dificuldades sem sobrecarregar mais os portugueses com impostos, mas nenhum de nós está em condições de dizer que não vai tomar uma ou outra decisão se ela tiver de ser adoptada» (!).

O formato para o anúncio de novas medidas de austeridade revelou-se imponderado, "num discurso trapalhão e mal escrito, despachado à pressa entre um jogo de futebol e um concerto em que ele próprio resolveu cantar o inesquecível clássico 'Chamava-se Nini/vestia de organdi'" (Vasco Pulido Valente, Público 14/09/12).

O Governo de Passos Coelho não previu, e aí mostrou o quão distante está da realidade, a reacção dos portugueses. Perante a inevitabilidade do agravamento da austeridade com base numa pretensa equidade dos sacrifícios, a indignação tomou posse dos acontecimentos, o país gritou - Basta!

O amplo consenso social e político dito "abençoado" pelo Ministro das Finanças revelou-se, afinal, aparente. Este Governo anda a fazer "experimentalismo social" com as pessoas. Só assim se compreende que o Governo de Passos Coelho, por sua conta e risco, exija aos portugueses um esforço de redução do défice "na ordem dos 4,9 mil milhões de euros", valor quase seis vezes superior à redução necessária combinada com a troika. Isto só pode ser explicado de duas maneiras: ou o valor está incorrecto, e o Governo da República anda a ocultá-lo; ou a margem para errar é enorme e Vítor Gaspar está a precaver-se de futuros deslizes.

Os portugueses não se têm esquivado aos sacrifícios. O que não vislumbram é uma luz ao fundo do túnel. Os sacrifícios impostos não têm resultado. Pior. Têm resultado, isso sim, num agravamento generalizado da situação económica do país. E é isso que ninguém compreende, que sejam sempre os mesmos a pagar a factura, e o Estado não reduza, de forma concreta, a sua despesa.

Quando se diz que o que importa são as empresas exportadoras, não estamos a negligenciar todo o restante tecido empresarial português que representa a esmagadora maioria da força de trabalho do país?! Não é isto um despautério e uma incoerência abissal?! Olhamos para fora para não ligarmos à realidade que nos rodeia?! Isto faz-me lembrar o Ministro que no estrangeiro não fala de assuntos internos e o outro que não fala no país, mas que aproveita para falar no estrangeiro aquilo que não diz cá dentro.

Nos Açores, esta sucessão vertiginosa de acontecimentos também tem gerado as reacções mais curiosas, umas mais estranhas do que outras. Apesar de, para mim, algumas não constituírem surpresas, mas serem, sobretudo, a confirmação de algumas certezas.

O PSD/A deve ser a única extensão do partido que compreende as novas medidas de austeridade. Mas, mais grave é que este é mais um exemplo daquilo a que o PSD/A já nos habituou. Sempre que há uma decisão do governo de Passos Coelho que é danosa para os Açores - das viagens aéreas, da ANA, da Universidade ou da RTP/A - o PSD/A presta-se, não em contrapor com as maleitas que nos querem impor, mas em encontrar soluções à custa do orçamento regional para compensar os prejuízos que nos impõem.

A demagogia e a promessa facilitista tomaram de assalto o discurso eleitoral da líder do PSD/A quando ainda faltam 26 dias para o final da campanha. Em política não pode valer tudo, com risco de tudo perder.

Os Açores querem outro candidato e outro discurso para ganhar o futuro que, "mais próximo ou mais remoto, não vai resgatar-se miraculosamente" (José Luís Ferreira, SLTM).

* Publicado na edição de 17/09/12 do AO
** Email X
*** Blog X
**** Twitter X

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Convidada especial

A última sessão plenária da IX legislatura ficou indubitavelmente marcada pela intervenção final de Carlos César na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Foi deputado na oposição durante várias legislaturas e Presidente do Governo nos últimos 16 anos.

O seu discurso aludiu ao momento difícil que atravessa o país, e ao qual os Açores não estão imunes. Não vivemos um tempo normal, nem, desde o início da crise, o Governo Regional se furtou às suas responsabilidades. O memorando de entendimento entre os Açores e a República e o relatório da Inspecção Geral das Finanças têm sido cartel da oposição, que não está interessada em discutir soluções e, muito menos, em apresentar o que quer que seja. Permitam-me uma correcção: o PSD/A (e restante oposição) apressa-se, sim, a apresentar medidas sem cabimento orçamental, com carácter populista e demagógico, para depois vir a terreiro criticar as medidas tomadas pelo Governo, criticando o "supérfluo" e, de forma incompreensível, prometendo tudo a todos. É, e tem sido, um caso patológico.

A resposta dada por César não podia ser mais concludente: «(…) Só o desconhecimento total da função governativa no espaço em que vivemos, ou a mais primária das demagogias, é que pode levar, mesmo em vésperas de eleições, a contestar que não só tem que ser assim como há muito que é assim. (…) Não há perda de Autonomia com este memorando. Perda de Autonomia houve, sim, para o país e para todos nós quando o país ficou nas mãos do Fundo Monetário Internacional e da "troika"».

O que começou por ser uma agenda tranquila, rapidamente se transformou num frenesim. A um mês das eleições, o que importa é o soundbyte e o ruído foi a nota dominante. Se bem que o silêncio de alguns foi motivo de estupefacção. O proteccionismo operado pela maior bancada da oposição em torno da líder, presente, qual convidada especial, foi penoso, sendo notória a necessidade de fuga ao confronto directo com Vasco Cordeiro, para se remeter a um encerramento do debate de urgência (figura regimental que não permite o contraditório). Os actos são demonstrativos da fibra de quem os protagoniza.

Curiosamente, a meio do plenário e da discussão de urgência, caía uma bomba. Afinal, a troika, que está em Portugal para analisar o cumprimento do programa de assistência económica e financeira a Portugal, não vai reunir com o Governo dos Açores, "por não considerar necessário esse encontro". Segundo a LUSA, a "decisão da troika deve-se ao bom estado das finanças regionais". Se dúvidas houvesse, esta declaração dissipa-as. Pelos vistos, os deputados do PSD/A na República não têm estado atentos e embarcaram na campanha para "denegrir" a Região, remetendo um requerimento ao Governo da República - o mesmo que esteve reunido com os representantes da "troika" (?!). Este tipo de acção política é inútil.

Vivemos num mundo em mudança. As soluções do passado não têm lugar nos tempos actuais. As respostas convencionais tornaram-se obsoletas. Não há lugar para dogmas. O que ontem era uma certeza, hoje são muitas dúvidas. Não existem empregos para a vida, nem uma vida de pleno emprego. Ainda não superamos o choque do embate com esta realidade e reinvenção passou a ser palavra de ordem.

O eleitorado já não se move pela promessa fácil. No entanto, há quem continue a achar que as pessoas não estão atentas e que as mudanças se fazem por decreto ou por intervenção divina. Os Açores e o mundo, entretanto, já mudaram.

* Publicado na edição de 10/09/12 do AO
** Email X
*** Blog X
**** Twitter X

sábado, 15 de setembro de 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Perigoso

«Os trabalhadores que paguem a crise e TC que se lixe
Passos Coelho aproveitou a estadia da troika em Portugal para responder, pela teimosia, às reticências gerais, e especialmente do PR, do PS e do CDS, às suas medidas de austeridade centradas sobre as mesmas vítimas, desafiando até o Acórdão do Tribunal Constitucional sobre as prestações do 13º e 14º mês da função pública e reformados desta. O expediente anunciado para a baixa da TSU para os patrões e a subida desta para os trabalhadores é simplesmente escandaloso.Este homem começa a ser perigoso para o bom funcionamento da sociedade.»
aviso de José Medeiros Ferreira.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cultura = mais-valia económica

Não podemos dizer que Agosto foi monótono em termos noticiosos. O Governo da República quer fazer de nós - portugueses - parvos. Mas está a enganar-se a si próprio. E, ainda não percebeu ou não quer perceber, que a ladainha miserabilista e do "custe o que custar" já provou não ser a solução para os 'males' do país.

Se por um lado Agosto é o mês de férias, por excelência, este ano não foi exactamente assim, na medida em que as férias de uma imensa maioria dos trabalhadores nacionais foram, seguramente, "cá dentro" e sem direito a opção. O acesso a este direito (constitucionalmente consagrado), é agora tido como um "privilégio" e foi responsável pela descida (expectável) dos números do turismo. Felizmente, a subida dos turistas estrangeiros em Portugal atenuaram a forte quebra do mercado interno.

No entanto, existem exemplos de como é possível contrariar o estado depressivo em que vivemos. Na passada semana tive a oportunidade de participar numa das sessões de trabalho da edição 2012 da Universidade de Verão da Assembleia das Regiões da Europa (AER – Summer Schools) que decorreu em Ponta Delgada, de 20 a 25 de Agosto, no complexo científico da Universidade dos Açores.

Durante este período cerca de 130 participantes, oriundos dos mais diversos pontos da Europa, reuniram-se, entre nós, para discutir os desafios futuros em torno do potencial económico da cultura e das indústrias criativas, bem como, o papel das regiões da europa na sua promoção.

Neste sentido, assisti à comunicação de Francisca Abreu (vereadora da cultura da cidade de Guimarães) que fez um balanço dos primeiros 6 meses de - Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, onde, de forma bastante concreta, foi apresentado o conceito no qual assentou toda a estratégia que esteve na essência da candidatura a Capital Europeia da Cultura. Mais do que um momento efémero, o projecto delineado para Guimarães é um processo de inclusão, numa acção que pretendeu, desde início, integrar a população na construção do futuro da cidade. Este plano foi concebido tendo por base o desenvolvimento económico local - numa região com uma taxa de desemprego jovem elevada, devido à crise que o sector têxtil atravessa - e a reabilitação urbana do centro histórico de Guimarães. Mas este processo não foi feito de um ano para o outro. Toda esta acção decorre há quase 15 anos e culminou com o processo de candidatura (e conquista) da Capital Europeia da Cultura.

Há, neste exemplo, inúmeras leituras que devemos retirar e reflectir sobre aquilo que nos rodeia. Sem um centro histórico dinâmico e com vida não há cidade que resista. Ponta Delgada é, infelizmente, disso, um mau exemplo. Acredito, contudo, apesar da inexistência de um plano estratégico para a cidade e para o concelho, que ainda possamos corrigir o vazio por que tem passado, nos últimos 20 anos, a maior autarquia dos Açores.

E o resultado de Guimarães 2012?! Ao contrário do resto do país, e graças a uma série de iniciativas, da programação e de uma comunicação actual e apelativa, Guimarães subiu em todos os indicadores económicos associados ao sector turístico, da hotelaria, à restauração, passando pelo número de entradas nos museus e espectáculos. É, igualmente, um sucesso de visibilidade e notoriedade internacional, com referências nas mais importantes publicações internacionais, desde o New York Times, à revista Wallpaper e ao Lonely Planet.

E o que temos nós a aprender com este tipo de exemplos?! Muito. A começar pelo modo como olhamos para quem organiza e dinamiza a coisa cultural, pois é a prova, mais do que provada, de que se trata de uma mais-valia económica, a qual pode ser potenciada se lhe for dada a escala devida.

A Cultura não deve servir de arma de arremesso eleitoral, nem de promessa demagógica de pré-campanha presente numa simples troca de "menos festas" por mais "apoios sociais aos idosos e famílias açorianas". Os açorianos não necessitam de palavras vãs, precisam, isso sim, de quem olhe com confiança para o futuro.

* Publicado na edição de 03/09/12 do AO
** Email X
*** Blog X
**** Twitter X

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

-40 dias