Na reunião de peritos, no INFARMED, para avaliação da situação epidemiológica de covid-19, ficamos a saber que 272 pessoas foram infectadas com o vírus depois da vacinação completa e que, deste grupo, 15 tiveram que ser internadas. Felizmente, não se registaram óbitos.
Neste momento, o país tem metade da letalidade da que tinha há um
ano, num período em que tem, paradoxalmente, o dobro da incidência registada na
mesma altura (2020).
Os efeitos da pandemia mudaram e é razoável assumir, presumo, que
parte desta alteração se explica ‘lato sensu’ pelo progresso do processo de vacinação e às medidas de contenção
da pandemia.
A vacinação parece conter o processo de contágio dos mais
vulneráveis, dá-nos mais segurança e, eventualmente, algum excesso de
confiança. Com estes novos dados, fará sentido manter as medidas no seu modo
mais restritivo ou devemos alterar os critérios?
Não obstante isto, continuam a existir muitas dúvidas e incertezas
em torno da evolução da pandemia, nomeadamente, o tempo da nossa imunidade após
a vacinação, a influência das novas variantes (na sua propagação) ou até a eficácia
das vacinas.
O exemplo das ilhas Seychelles tem sido amplamente discutido,
na medida em que apesar de serem o país com a maior taxa de vacinação em todo o
mundo (70%), foram obrigados a impor, novamente, restrições para conter a
pandemia.
O tempo nesta, como em outras matérias, não será bom conselheiro,
sendo que a urgência das respostas pode traduzir-se em leituras pouco
fidedignas e comprometer a resposta científica para responder, por exemplo, à
questão: “qual está a ser o real impacto da vacinação?”.
No entanto, há quem defenda novas abordagens, sobretudo, na
alteração da “matriz de observação desta doença”, a qual “vai ter de passar
obrigatoriamente por um outro patamar que tem a ver com a gravidade e não tanto
com a simples contagem de cabeças, a contagem de casos” (Paulo Santos, professor
da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto - Público, 28/05/21).
Considero que esta deva ser a abordagem a seguir no arquipélago,
tal como preconizado nesta reunião do INFARMED, privilegiando diferentes
“patamares de desconfinamento” que correspondem à adopção de medidas
diferenciadas, numa “estratégia faseada para evitar ter de recuar, para
garantir que se ganha liberdade em segurança”.
Obviando o que hoje acontece - num movimento pendular de difícil acompanhamento
(no qual passamos de verde a vermelho no espaço de uma semana) - é necessário
atribuir previsibilidade à retoma económica e aumentar os níveis de confiança
na sociedade.
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