quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Leitura obrigatória

«(...) Não deixa de ser estimulante, a esse respeito, o que aconteceu recentemente na RAA. Contrariamente ao sucedido no Continente e na RAM, a RAA pôde libertar uma verba para apoiar aqueles que tinham sido punidos pela restrição orçamental do GR – não todos, mas os trabalhadores da AP regional. Logo houve quem se sentisse ferido nos seus doutos sentimentos de equidade – indignação tanto mais estranha, pois que vinda da parte de muitos que em nenhuma outra ocasião se tinham levantado para defendê-la. Essa indignação equitativa – ponho-me eu a cismar - talvez se fique a dever ao contexto do seu exercício – na ausência da compensação salarial, haveria gente que ficaria em pior situação. Ora – para que o leitor menos avisado me entenda –, tais defensores nutrem o estranho hábito de se referirem à equidade, apenas e somente quando se torna possível associarem-na à descida no bem-estar. (...)»
Leitura obrigatória do texto de Francisco Botelho Nunes publicado ontem com o Açoriano Oriental.

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Diz que é uma espécie de hipersensibilidade...

«Cavaco Silva não só valoriza a autonomia do arquipélago, (...) como respeita integralmente os seus órgãos de governo próprios, revelando-se também sensível ás especificidades açorianas (...)»
Estas declarações estão no domínio do hiper-realismo. E só se explicam pelos excessos da quadra.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Resto é Ruído

João Pedro Vale Bezerro, 2010
Na discussão do Plano e Orçamento para 2011, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, em concreto, na discussão da especialidade e nas propostas de alteração ao documento, o maior partido da oposição deixou cair a ‘máscara’ relativamente ao conceito que defende para a Cultura: ESTA NÃO É UMA PRIORIDADE!

Nos últimos anos, o plano de investimentos para as actividades culturais tem vindo a subir de forma gradual, sustentado, em grande parte, pelas obras com recurso a co-financiamento europeu. Na prática, esse dinheiro não é ‘receita própria’ da Região. E só existe porque existem projectos e candidaturas que o materializam. Para esse efeito, o Governo dos Açores tem efectuado um conjunto de acções de expansão, edificação e modernização das suas estruturas. Esta intenção consiste, essencialmente, na consolidação da rede regional de museus, de forma a dotá-la de valências adaptadas às exigências actuais e a um público cada vez mais informado. Para tanto, impõe-se a renovação do formato pré-existente, na medida em que se alterou significativamente a forma como ‘olhamos’ a Cultura (dentro e fora do Museu).

A dualidade de critérios com que se rege o maior partido da oposição na Assembleia Legislativa é, no mínimo, ininteligível. Se na Horta as opções políticas do Governo Regional para a área cultural são alvo de discriminação (tudo menos positiva), como é que podemos classificar a acção da sua líder partidária que é, simultaneamente, presidente do município de Ponta Delgada, quando, no início do seu mandato e no seu orçamento municipal para 2011, apresenta como prioridades a concretização de inúmeras obras emblemáticas associadas à coisa cultural? A saber: construção do Museu de Arte Contemporânea; construção de Biblioteca e Centro de Estudos Antero de Quental; adaptação do Edifício da Sinagoga a Museu Hebraico, apenas para nomear alguns. Estranho posicionamento para um partido que no todo regional queria reduzir a ZERO a Cultura!

Por outro lado, os projectos elencados pelo Governo dos Açores foram sucessivamente apontados como ‘fonte de financiamento’ às propostas de alteração do PSD/A ao orçamento regional. Em concreto, a acção referente ao Centro Cultural e de Congressos, que garante o financiamento anual do Teatro Micaelense, era colocada a 0 = zero. Bem como o corte, na sua quase totalidade, da acção que dá corpo ao novo Centro de Artes Contemporâneas a erigir na Ribeira Grande. A justificação foi sempre a mesma – não são prioridades. Pergunto: ‘prioridade’, neste caso, significa exactamente o quê?! Anular uma série de projectos devido a um enviesamento e aversão na relação com a cultura, tida como acessória ou prescindível?! E isto sem medir o impacte financeiro das alterações propostas no orçamento regional. Aliás, no que toca ao Centro de Artes Contemporâneas estamos a falar de uma verba que é comparticipada a 85%, do mesmo modo que o Museu de Arte Contemporânea de Ponta Delgada o é (num projecto que começou por ‘custar’ € 3 milhões e já está ‘orçamentado’ em € 5.8 milhões!). Só que aqui o PSD/A não tem dúvidas quanto ao elemento reprodutivo e prioritário. Será uma questão de ‘protagonistas’?! Muito provavelmente.

Este tipo de comportamentos não ajuda a dignificar a actividade política, através de posições dúbias, sem justificação que as sustente, prejudiciais ao interesse público e resultado de tacticismo político-partidário sem freio, ou seja, são sinónimo de desnorte.

A ideia de que a Cultura é o eterno ‘parente pobre’ tem tido outra ‘leitura’, nos Açores, por mérito da governação socialista. Se os valores investidos são os suficientes?! Digo, claramente, que não o são. Os recursos da Região são pequenos e a sua comparticipação na vertente cultural é proporcional à sua disponibilidade. Não obstante isso, se analisarmos o valor do investimento per capita na Cultura, verificamos que ele é significativo quando comparado com o todo nacional. As mais-valias que podem advir deste investimento são de retorno garantido.

Desinvestir ou adiar investimentos neste sector será o pré-aviso para ‘uma morte anunciada’. Aliás, estamos, ainda hoje, a ‘pagar’ o desinvestimento do passado.

Não compreender o carácter prioritário que o investimento tem na formação dos indivíduos, na economia local e na projecção dos Açores é não estar em sintonia com o que se passa na Europa, onde ficou demonstrada a importância e «(…) a influência económica do sector cultural» aliada «(…) ao desenvolvimento das novas tecnologias da sociedade da informação e ao turismo, um dos sectores em que os bens culturais são um dos principais chamarizes» (in AESE). Não ‘ler’ isto é negar uma visão de futuro para o arquipélago.

Numa altura de crise cabe ao Estado essa responsabilidade, sempre que possível em estreita colaboração com os privados, assumindo, por esta via, o seu ‘papel estratégico’. A minha opção é de defesa incondicional do sector cultural da Região, quer ao nível da criação, quer dos recursos humanos e dos equipamentos.

O Resto, como o que assisti e ouvi em plenário, é Ruído.


* Publicado na edição de 27 Dez'10 do Açoriano Oriental
** Título do livro The Rest is Noise de Alex Ross, publicado em Portugal pela Casa das Letras

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Romance das ilhas encantadas

«Os Açores são o Portugal paradigmático. E a consideração faz sentido, uma vez que se trata da criação de uma sociedade em laboratório, através de um povoamento a partir do século XV de ilhas desertas, há muito conhecidas, mas só tornadas habitáveis depois da possibilidade de haver navegações «de ir e voltar» no complicado Atlântico Norte, que apenas se tornou acessível com a introdução dessa pequena maravilha da técnica náutica que foi a caravela. E se falo de um «Portugal paradigmático», tenho de lembrar o cadinho de várias influências e de vários povoamentos, à semelhança da encruzilhada de povos da Finisterra peninsular. E ainda há, a unir Portugal e os Açores, a insularidade, bem sentida, por razões naturais, no arquipélago, mas, por razões de carácter, no continente (com fronteiras definidas por D. Dinis), onde a terra se acaba e o mar começa. (...)»
A crónica de Guilherme d'Oliveira Martins ao JL (de 15 a 28 Dez'10).

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Screamadelica



20 anos depois...continua na estrada.

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sábado, 25 de dezembro de 2010

Boas festas!

© Mário Nelson Medeiros, Parque Terra Nostra, Furnas, São Miguel













Guia de Conceitos Básicos 
Use o poema para elaborar uma estratégia 
de sobrevivência no mapa da sua vida. Recorra 
aos dispositivos da imagem, sabendo que 
ela lhe dará um acesso rápido aos recursos 
da sua alma. Evite os atolamentos 
da tristeza, e acenda a luz que lhe irá trazer 
uma futura manhã quando o seu tempo 
se estiver a esgotar. Se precisar de 
substituir os sentimentos cansados 
da existência, reinstale o desejo 
no painel do corpo, e imprima os sentidos 
em cada nova palavra. Não precisa 
de dominar todos os requisitos do sistema:
limite-se a avançar pelo visor da memória, 
procurando a ajuda que lhe permita sair
do bloqueio. Escolha uma superfície 
plana: e deslize o seu olhar pelo
estuário da estrofe, para que ele empurre 
a corrente das emoções até à foz. Verifique 
então se todas as opções estão disponíveis: e 
descubra a data e a hora em que o sonho
se converte em realidade, para que poema 
e vida coincidam.

in  
Nuno Júdice, Guia de Conceitos Básicos
D. Quixote, 2010

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ClicAçores

Fotografia Lucas Biernacki















O concurso “Clic Açores - Prémio de Fotografia para Turistas” foi uma iniciativa do Governo dos Açores e da Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, integrada na programação da “Região Europeia do Ano 2010”, da qual resultará, no próximo ano, a edição de um livro, bem como a organização de uma exposição, contemplando as melhores fotografias. 


Uma forma de aproximação entre a o arquipélago e quem nos visita através de um olhar diferenciado para aquilo que nos é próximo. A manter.


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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Irrepreensível

«(...) Quando criámos a Remuneração Complementar para mais de 6500 funcionários públicos, nunca se duvidou da nossa competência e nunca se considerou uma quebra de solidariedade nacional. E agora que a aumentamos em 2,1%, estamos a não ser solidários? Quando aprovámos um Salário Mínimo Regional mais elevado, que beneficia cerca de sete mil trabalhadores do sector privado, também era eticamente condenável? E o Complemento para Aquisição de Medicamentos, que ajuda 12 mil idosos a comprar medicamentos mais baratos, também é uma falta de solidariedade com o Continente? E o Complemento Açoriano ao Abono de Família para 80 mil Crianças e Jovens, que aumentámos este ano, também é inconstitucional por falha de solidarização? E o Complemento de Pensão – o chamado "cheque pequeno" –, que representa 24 milhões de euros, que aumentámos e abrange cerca de 35 mil pensionistas, que ficam com uma pensão um pouco maior do que a que teriam no Continente, é, como diz o Senhor Representante da República, uma medida de "incompreensível egoísmo"? E se apoiarmos mais, como acontece, os nossos jovens no emprego, estaremos a proceder mal? E o IRS já inferior entre 20 a 30% ao Continente, também, como diz o Representante, é um "desprezo" pelo país? (...)»
Para ler, na íntegra, a intervenção de Carlos César na sessão parlamentar de apreciação do veto do Representante da República ao Decreto que aprovou o Orçamento da RAA para 2011.

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domingo, 19 de dezembro de 2010

€ 88.5?! Sim, é possível!

















Houve quem afirmasse que se tratava de 'publicidade enganosa'. Entretanto não 'ouvi' uma reacção ao anunciado pela SATA?! Nem um reconhecimento público de quem 'faltou à verdade'?! E de quem falou 'antes do tempo' e do que 'não sabia'?! Nada! Silêncio absoluto.

Presumo, contudo, que, para alguns, este tenha sido um domingo 'preenchido' por uma imensa simulação.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Açores: World's Most Unique Travel Destinations

«(...) For a mixture of European flavor and a unique mid-Atlantic cultural heritage, Banas recommends the Azores. Explore the dramatic natural beauty and bounty of crater lakes in this collection of nine volcanic islands in the middle of the North Atlantic. Portuguese by language, it has a culture and cuisine all its own. "There's one place you can go where they take all this food and cook it in this geothermal heated area, put the food in the earth, let it cook for several hours, then they take the food out of the ground, then it gets shipped by truck and served in fine restaurants nearby," says Banas. Called cozido das furnas, they often consist of mixtures of meats and stews and are a feature of the area near Sao Miguel. (...)»
Artigo da prestigiada revista norte-americana Forbes.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Diz que é uma espécie de demissão...

«(...) 3. Na verdade, esta norma é criticável a vários títulos. Desde logo, na sua conformidade constitucional, ou seja, da violação dos princípios constitucionais da igualdade, da solidariedade e da coesão nacionais. Mas, independentemente deste juízo de desconformidade com a Constituição, que não foi por mim exercitado pelo meio disponível da fiscalização preventiva (mas poderá a todo o tempo ser desencadeado pela via da fiscalização abstracta sucessiva) sobram sempre razões de carácter ético, ou ético-político, que desabonam e condenam uma tal medida. (...)»
Para ler na íntegra o veto do Orçamento da RAA pelo Representante da República para os Açores.

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meritório










«(...) Na categoria de Melhor Intervenção em Conservação e Restauro, o prémio foi atribuído ao trabalho realizado na Custódia de Belém, uma peça emblemática do acervo do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e também à acção que tem sido desenvolvida pela Cinemateca Portuguesa/Arquivo Nacional de Imagem em Movimento no restauro de filmes antigos e em especial da cinematografia nacional. Ainda nesta categoria, a Apom atribuiu menções honrosas ao Laboratório Chimico do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa e ao conjunto escultórico 'Arcano Místico', do Museu Municipal da Ribeira Grande. (...)»
No Público.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A alternativa de César


Afinal, há alternativas e Carlos César provou-o. O presidente do Governo Regional dos Açores mostrou como é possível encontrar soluções para a crise económica que não passam exclusivamente pelo sacrifício das pessoas e do seu nível de vida. Como é possível encontrar saídas sem que isso ponha em causa os pressupostos políticos e ideológicos que devem mover a esquerda. Como é possível fazer um Orçamento mais parco sem pôr em causa os princípios ético-políticos que devem mover os partidos socialistas, nomeadamente o princípio de que primeiro está o bem-estar das pessoas e o respeito pela dignidade humana.

Pelos vistos, não doeu muito. Apenas foi preciso decidir que o Orçamento do Estado regional açoriano desviava parcialmente verbas do subsídio de seis milhões de euros que ia dar para a construção de dois estádios de futebol privados.

É claro que a atitude corajosa de Carlos César irritou os agentes políticos que têm subscrito a defesa e a prática de orientações político-ideológicas de desconstrução do Estado social, que se inspiram nas teses neoliberais de que a solução do que se convencionou chamar “crise” passa pela diminuição da redistribuição social da riqueza e pela diminuição do nível de vida e dos direitos sociais e laborais da generalidade das populações. Isto, baixando os recursos do Estado social e quebrando o espírito de solidariedade social e intergeracional anónima e colectiva – ao aliviar a carga fiscal sobre as empresas e diminuindo os chamados “custos do trabalho”. E satisfazendo assim os chamados “mercados”, ou seja, a liberdade de mercado e de acção negocial e de conquista de lucros financeiros pelos accionistas (proprietários) das empresas financeiras e de especulação. Tudo, obedecendo ao pressuposto de que só assim se cria riqueza e emprego – um princípio que, aliás, está por demonstrar em Portugal e de que a actual crise é a prova em contrário.

Assim, quando um líder político com autonomia de pensamento e de acção diz não e afirma que há alternativas à imposição de soluções que penalizam as pessoas, saltam para a praça pública os principais agentes da defesa dos interesses dos chamados “mercados”. E isso foi visível quer ao nível do mainstream do que é a opinião publicada, com Vítor Bento e Vital Moreira na primeira fila, quer ao nível do poder institucional, com o Presidente da República, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, José Sócrates – é interessante constatar como Cavaco e Sócrates nunca divergem a fundo nas questões sócio-económicas e como o Presidente, tão interventivo que foi com os seus 13 vetos a diplomas da Assembleia, nunca vetou nenhum que incidisse nas áreas sócio-económicas.

É interessante também perceber o argumentário utilizado por todos os que vieram a terreiro apedrejar Carlos César. É que raia o absurdo, pois ultrapassa o ridículo, vir advogar a inconstitucionalidade da medida. Isto, quando a autonomia governativa e a reserva de soberania das regiões dos Açores e da Madeira e discriminação positiva da insularidade têm décadas em Portugal e são uma conquista do 25 de Abril, consagrada na Constituição de 1976 e que tem sido, aliás, sempre fortalecida a cada revisão, sendo até uma bandeira histórica do PSD.

O ridículo deste estranho coro de casandras aumenta ainda quando se percebe que a sua crítica a César se baseia no argumento de que esta decisão do chefe do governo regional terá posto em causa o princípio constitucional da igualdade. Mas essa desigualdade assumida para benefi ciar os que são discriminados e menos têm não é já praticada pela lei que prevê a atribuição de suplementos salariais compensadores da insularidade, que existe desde os anos 80? Lei que foi de novo regulamentada em 1996, sem que ninguém tivesse, até hoje, levantado a questão da constitucionalidade desta discriminação positiva. Mais duas perguntas: o princípio da igualdade não foi posto em causa ao cortar-se os salários só de alguns trabalhadores: os que ganham acima de determinada verba e trabalham para o Estado? Então, de acordo com esses critérios igualitários, o corte de salários pode deixar de fora as empresas privadas?

O que está de facto em causa é uma questão de ordem puramente político-ideológica que passa por saber que tipo de opções deve o poder político democrático tomar e se os objectivos do projecto político-partidário que os governantes defendem e praticam tem como fim servir as pessoas ou servir os chamados “mercados”. Até porque, convenhamos, neste caso dos Açores o que está em cima da mesa são valores ridículos, em termos do que é a despesa pública açoriana. Falamos de uma verba de três milhões de euros, que representam 0,22 por cento do Orçamento açoriano e que irá contemplar 3700 funcionários, que são os que menos ganham dos que são prejudicados nos seus vencimentos pela decisão do Governo central de cortar salários. A par desta decisão, o Governo de Carlos César decidiu complementar os subsídios de abono de família e abono social de idosos.

Daí que seja cristalina a percepção de que o que tanto irritou os representantes do consenso neoliberal do poder em Portugal foi, precisamente, a afronta à inevitabilidade neoliberal de retirar poder de compra e direitos sociais e laborais às pessoas que esta decisão de Carlos César representa. Assim como é também cristalino que o líder socialista dos Açores mostrou como nada é inelutável e como em política há sempre opções diversas e escolhas que são feitas de acordo com critérios estabelecidos e identificáveis no seu enquadramento ideológico. A questão não é senão um problema político e de coragem, característica central num líder político, a par da autonomia e da capacidade de acção e da assunção clara de quais os motivos político-ideológicos que o movem.

Carlos César mostrou que tem fibra de líder e que tem futuro político. Um dia, quando o actual PS implodir – por força da acção da influência neoliberal que é incompatível com a sua origem –, nas ruínas pós-Sócrates esta atitude de Carlos César será uma referência marcante de como se pode continuar a ser socialista democrático, como se chamavam a si mesmos os fundadores do partido, ou seja, social-democrata. Além de servir os açorianos, César marcou um lugar no futuro.

São José Almeida
Jornalista

in Público de 11 Dez'10

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Foi bonita a festa



A inauguração de um empreendimento que aponta os caminhos a trilhar, na reconversão do discurso museológico da Rede Regional de Museus, e do qual os Açores se podem e devem orgulhar.

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Entrevistas de Carlos César

Leitura obrigatória - das edições de hoje do jornal i e do Expresso - para quem continua a olhar os Açores com distância.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sem comentários



O Presidente que nada comenta ou diz nada poder comentar, não se inibe em fazê-lo quando se trata dos Açores. O que não deixa de ser curioso, em particular, quando o faz não estando em território nacional.

É uma posição, no mínimo e para não dizer outra coisa, transparente.

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Solidariedade

Fotografia Luísa Madruga, Flores, Dez'10





















À distância, da ilha e do dilúvio, pouco mais há a fazer do que uma palavra de estímulo a todos quantos estão no terreno a tentar repor a 'normalidade' à freguesia da Fajãzinha, na ilha das Flores.

Dados para donativos_  
Junta Freguesia Fajãzinha
Banif NIB 003800005071886530109  
IBAN PT50003800005071886530109  
Nº CONTA 00050718865/30/10
@ Solidários com a Fajãzinha

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço

«(...) As autonomias regionais são uma das mais felizes realizações do Portugal democrático. É essencial aprofundar o diálogo com as Regiões Autónomas, reconhecer as suas especificidades, manter a solidariedade que lhes é devida e respeitar a sua autonomia. (...)»
Autor identificado.

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cultura, não é ‘gasto’ é Investimento



As análises feitas à Cultura e à indústria que a suporta enfermam, frequentemente, de algumas leituras superficiais que devem ser esclarecidas. Apesar da tendência crescente em tornar o produto cultural num bem rentável, há que salvaguardar que, na essência do gesto artístico estão pressupostos que o tornam, não todo, mas quase, num produto não 'reprodutível' e não 'massificável', cujo custo de investimento não pode ser rentabilizado por uma qualquer 'cadeia de valor' (in José Luis Ferreira, p. 115, Quatro Ensaios à Boca de Cena, Cotovia, 2009).

Importa distinguir o que é a actividade das chamadas indústrias criativas e aquilo que é a actividade artística, propriamente dita.

Há inúmeras actividades onde não é possível adaptar uma economia de escala. E esta condição passa a ter uma relevância, ainda maior, quando nos centramos em países e em regiões, como os nossos, com uma dimensão reduzida e com um número reduzido de utilizadores da coisa cultural.

O objectivo que alicerça o investimento cultural deve ter em conta, necessariamente, a 'obtenção de riqueza através de um bem-estar civilizacional'.

A Cultura deve ser encarada como um investimento social e como um instrumento de desenvolvimento, na medida em que “nem tudo o que conta é mensurável, nem tudo o que é mensurável conta”, nas palavras, mais que insuspeitas, de Albert Einstein.

O Governo dos Açores prossegue a missão de dotar todas as ilhas com infra-estruturas capazes de realizar e acolher espectáculos e eventos de índole diversa.

Nem todas têm as mesmas valências, pois há que acautelar as diferenças que existem em cada realidade de ilha. Fazê-lo, para além de utópico, seria querer replicar o mesmo por todos, o que na sua essência é justificável, mas impraticável. Não é, nem pode ser assim. Ninguém pode ser prejudicado pelo local onde fixou residência, mas não devemos cair na tentação de sustentar populismos e visões irrealistas. Mais do que edificar será conveniente, no acto da sua concepção, prever a gestão futura, quer em termos de recursos financeiros, quer humanos, não excluindo, como é óbvio, a sua componente programática.

A rentabilização far-se-á, se forem criadas condições para que ela se concretize.

As dificuldades geradas pelas medidas de austeridade e de contenção orçamental, do país e da região, não têm afectado, significativamente, os objectivos elencados para esta legislatura, na medida em que estes têm vindo a ser escrupulosamente cumpridos, alguns redefinidos, outros estão à mercê das contingências que advêm da tramitação legal em vigor.

Não obstante quaisquer obstáculos que possam surgir no decurso da concretização de um determinado projecto, mantém-se inalterado o carácter prioritário que este Governo atribui ao sector Cultural.

Mesmo e apesar das dificuldades emergentes «(...) tal não significa que a oportunidade, a pertinência e a legitimação da intervenção do Estado nas artes e cultura seja posta em causa. Antes pelo contrário, cada vez mais se comprova que gastos em cultura não são gastos - são investimento, é criação de emprego, é qualificação dos cidadãos, é desenvolvimento, no melhor sentido que a palavra contém».

Palavras de estímulo e confiança proferidas pela actual Ministra da Cultura, num colóquio decorrido em Setembro passado, e que aqui se aplicam ipsis verbis à acção do Governo Regional do Partido Socialista na Região Autónoma dos Açores.

O Plano e Orçamento para 2011, em particular, no Programa que à Cultura diz respeito, é um plano de confiança, demonstra ambição e revela o imenso trabalho em curso, de quem acredita no crescimento e na importância que a Cultura desempenha no desenvolvimento presente/futuro dos Açores.

Alexandre Pascoal
Novembro 2010


* Adaptação da intervenção efectuada a 23 de Nov’10 na ALRAA
** Publicado na edição de 02 Dez'10 do Açoriano Oriental

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Satisfaz 2x



A resposta, na 'dose' certa, ao ruído + o comunicado do Secretariado Regional do PS/A.

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sábado, 4 de dezembro de 2010

FdS

Fotografia Filipe Franco















Vou andar por aqui...

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cooperação estratégica



O acordo agora firmado permitirá solucionar 3 pendentes:

- O retomar da dinamização da «Morada da Escrita» para a função que foi, inicialmente, gizada;

- Simultaneamente, dotar o Instituto Cultural de Ponta Delgada de uma sede condigna para as suas actividades sociais, na medida em que antes não dispunha do local apropriado para as realizar;

- A 'libertação' de um espaço fundamental, no Convento de Sto. André, para a obra de reconversão museológica do núcleo sede do Museu Carlos Machado. Um processo que em breve se iniciará.

Esta é, sem qualquer dúvida, uma boa medida para todas as partes (Governo/Instituto/Público).

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cultura, o Plano e Orçamento para 2011

Sta. Cruz da Graciosa, Ago'10

















O Plano e Orçamento para 2011 reforça o empenho da Região na defesa do Património e das Actividades Culturais.

O investimento assenta nos múltiplos projectos em curso, sem descurar o apoio à actividade regular dos agentes culturais regionais nas diferentes áreas de acção, sejam de vertente tradicional ou contemporânea.

Exemplo disso é o apoio atribuído às Bandas Filarmónicas, que constituiu, em 2010, cerca de 34% do valor dispendido pela Direcção Regional da Cultura à acção 4.1.8, relativa às Actividades de Relevante Interesse Cultural. Este valor é demonstrativo da importância da actividade desenvolvida por estas colectividades junto do tecido social da Região.

O valor não será suficiente, dirão. Não é certamente, nem nunca o será, pois a insatisfação criativa é, em qualquer actividade, uma constante. Não obstante, a acção programada reflecte a estratégia delineada para esta legislatura: a de dotar o arquipélago de equipamentos modernos e com capacidade para acolher diferentes tipos de espectáculos e eventos. Esta acção deriva, essencialmente, da capitalização directa dos fundos comunitários disponíveis para o efeito, e que, neste caso, estão abrangidos pelo Programa Pro-Convergência, que consagra um máximo de 85% de comparticipação comunitária ao investimento previsto.

Para o próximo ano, estão afectos quase 23 milhões de euros no Plano para a Cultura. Apesar dos constrangimentos, que todos conhecemos, há um ligeiro aumento do investimento em 2011, em comparação com o ano anterior, de cerca de 1.1%. Este valor não é muito significativo, é certo, mas é revelador da importância estratégica que o sector representa para o Governo. Esta posição sai ainda mais reforçada, tendo em linha de conta os tempos de austeridade com que, actualmente, somos confrontados. E não deixa de ser simbólico o investimento a concretizar, que, para além do aspecto formativo, é, sobretudo, reprodutivo, quer pela criação de empregos qualificados, quer pela acção complementar na área da animação turística e, consequentemente, na dinamização da economia local.

No âmbito do programa - Defesa e Valorização do Património Arquitectónico e Cultural, o destaque em 2011 vai para: a conclusão da nova Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo; o arranque, no decorrer do 1º trimestre, da obra do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, situado na cidade da Ribeira Grande; a conclusão do Espaço Cultural Multiusos do Corvo, a Temporada Musical, e a prossecução das Comemorações do Centenário da República, que culminarão com a inauguração da Casa Manuel de Arriaga, na cidade da Horta.

De igual modo, realça-se, ainda em 2010, a conclusão das obras do Museu da Graciosa, a inaugurar até final do ano, e a conclusão da intervenção de conservação da cobertura do Convento de São Boaventura - Museu das Flores.

Quanto à - Dinamização de Actividades Culturais, o Governo dos Açores mantém, em 2011, os incentivos à formação, à criatividade, à fruição e à itinerância, com o intuito de fomentar uma programação de âmbito regional, bem como, a continuada promoção ‘fora de portas’ dos criadores da Região, consubstanciando, por esta acção, as palavras do Presidente do Governo quando este afirma que «(…) compete (ao Governo) contribuir para a ocorrência de condições para que os nossos criadores possam concretizar as suas propostas estéticas», obviando, deste modo, os constrangimentos geográficos que nos rodeiam. E acentuando o facto da “criação cultural e artística ser universal”, pelo que a distância e o isolamento podem, no caso dos Açores, ser superados.

A este nível, saliente-se a Exposição de Arte Contemporânea na Galeria do Rei D. Luís I, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, a decorrer entre Outubro de 2011 e Janeiro de 2012, e o início do ‘acolhimento recíproco’ entre a Fundação Medeiros e Almeida e a Direcção Regional da Cultura, dando seguimento ao protocolo assinado, em Abril de 2010, entre ambas as entidades.

Alexandre Pascoal
Novembro 2010


* Adaptação da intervenção efectuada a 23 de Nov’10 na ALRAA
** Publicado na edição de 30 Nov'10 do Açoriano Oriental

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Foi ontem mas não deixa de ser actual







































Ainda e sobre os 75 anos da morte de Fernando Pessoa - uma descoberta de todos os dias.

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