terça-feira, 18 de junho de 2024

Pobreza: quatro anos depois, os relatos de quem vivia do RSI













Leituras destes dias: "Nos Açores, contudo, o aumento da pobreza e a diminuição do RSI podem estar relacionados com os critérios do próprio apoio e com a forma como é atribuído, segundo Fernando Diogo. O coordenador do estudo A Pobreza em Portugal: Trajetos e Quotidianos, da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), lembra que o RSI “não é para as pessoas em situação de pobreza”, uma expressão que pode parecer inesperada, mas que se explica pelo universo limitado de indivíduos a quem se dirige o subsídio. “O RSI é só para os mais pobres entre os pobres. A maior parte das pessoas em situação de pobreza não tem direito ao RSI, quer no país em geral, quer nos Açores em particular” (...) O também professor da Universidade dos Açores faz a ressalva de que a extensão da cobertura da acção social nos Açores dificilmente deixa escapar alguém que tenha direito ao RSI, ao contrário do que acontece em outras regiões, mas também levanta uma hipótese para a redução do número de beneficiários relacionada com a “margem de manobra” que a lei permite. “No caso dos Açores, o que pode ajudar a explicar a pobreza a aumentar e o RSI a diminuir também pode ter a ver com uma interpretação mais restritiva da lei”. (...) Para a inserção é preciso travar outra batalha. O professor universitário mostra-se “céptico” em relação à formação do Instituto do Emprego e Formação Profissional, que muitas vezes não procura ajustar a oferta aos formandos. Fernando Diogo evoca um exemplo citado no estudo da FFMS em que um imigrante angolano de 55 anos, trabalhador de construção civil, foi obrigado a frequentar um curso de corte e costura. “Faz-se a formação porque é preciso executar verbas europeias e apresentar resultados."

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