sexta-feira, 4 de junho de 2010
Cultura, investimento continuado
Com o advento do século XXI a Cultura ganhou outra dimensão e deixou de estar circunscrita aos domínios artísticos tradicionais, passando a ser referência na área económica. Nesta medida, "A Cultura é hoje, mais do que um conceito, um factor económico para o qual cada país olha com atenção na perspectiva de obtenção de proveitos financeiros".
O estudo recente sobre o sector cultural e criativo em Portugal, efectuado pela empresa do ex-ministro da Economia Augusto Mateus, revela que em 2006 estas actividades foram responsáveis por 2,8% de toda a riqueza criada no país. Este valor é expressivo e justifica, plenamente, a necessidade de um olhar mais atento sobre o papel da cultura e da criatividade na economia portuguesa e na açoriana, em particular.
A Cultura tem vindo a gizar, com rigor e ambição, uma presença cada vez mais significativa na orientação estratégica para o desenvolvimento dos Açores.
Para 2010 o Governo dos Açores afectou cerca de 22,5 milhões de euros na defesa do Património e no apoio às Actividades Culturais. O que corresponde a cerca de 2,7% do investimento público previsto e a um aumento de 25,8% em relação a 2009.
Este incremento orçamental encontra a sua maior expressão nos inúmeros projectos em obra, contidos no programa de defesa e valorização do património arquitectónico e cultural, dos quais destaco: a construção da nova Biblioteca de Angra do Heroísmo, obra em curso e a bom ritmo de execução; a ampliação do Museu da Graciosa e a reprogramação museológica do núcleo sede; a valorização urbanística e paisagística da área envolvente do Museu da Indústria Baleeira em São Roque do Pico, obra já adjudicada; a construção do Espaço Cultural Multiusos do Corvo, a Temporada Música 2010 e as Comemorações do Centenário da República, cujo início está agendado para o mês de Agosto.
A aposta na formação, na criatividade e a promoção no exterior do tecido cultural insular são prioridades do Governo dos Açores para este ano.
Neste âmbito, destaco o programa de Bolsas de Formação e Criação Artística, para a aposta continuada nas dinâmicas de proximidade pedagógica, casos da Rede de Leitura Pública, da Lira Açoriana, do projecto da Orquestra Francisco de Lacerda e do projecto pioneiro do Museu Móvel, afecto ao Museu Carlos Machado, o qual foi distinguido, em Novembro passado, com um prémio nacional para o melhor serviço de extensão cultural, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia.
De igual modo, a Semana de Cultura Açoriana que decorreu entre 2 e 7 de Março, deste ano, em Lisboa, numa co-produção do Teatro Micaelense e do Teatro São Luiz, contou com o empenho e com o alto patrocínio da Região.
Esta foi uma iniciativa pioneira e teve o mérito de durante uma semana ter possibilitado aos criadores açorianos a notoriedade que merecem num dos palcos mais importantes da capital. Algo nunca dantes alcançado.
As repercussões não se fizeram esperar e uma nova edição já se encontra calendarizada e deve, na minha perspectiva, ser ampliada.
Mas 2010 é, sobretudo, o ano que consagra os Açores como Região Europeia’2010.
Este momento revela-se como um canal privilegiado para a promoção do arquipélago através da sua "identidade" e como veículo para "trazer à região a cultura e as vivências europeias".
Um acontecimento que nos enche de orgulho e no qual devemos estar todos, particularmente, empenhados.
Alexandre Pascoal
Maio 2010
* Adaptação da intervenção na ALRA em Maio’10
** Publicado na edição de 03 Jun'10 do Açoriano Oriental
*** Foto Fernando Resendes (Teatro Micaelense)
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