O Teatro Micaelense é palco amanhã (hoje), pelas 21h30, do espectáculo “Brel nos Açores”, que evoca a estadia do mítico cantor belga no Faial em 1974, por motivo de doença.
Não se trata de uma peça de teatro tradicional, mas antes de uma performance protagonizada pelo único actor em palco, Dinarte Branco, que no papel de uma narrador peculiar, interage com o único elemento cenográfico em palco, uma vela/ecrã onde são projectadas realidades e ficções sobre a passagem de Jacques Brel pelos Açores. Um formato que permite, por exemplo, que o espectáculo vagueie controladamente por registos que vão do jornalismo à poesia, sem nunca deixar de ser teatro.
Para o actor Dinarte Branco, o espectáculo permite ficar a conhecer a figura de Jacques Brel, “o seu único protagonista pela sua força poética e pela sua personalidade como artista e como homem”, afirmou aos jornalistas durante um ensaio realizado ontem para a comunicação social. Dinarte Branco é actor e também encenador, faz humor nos Contemporâneos, já participou em várias séries televisivas e já trabalhou com alguns dos melhores encenadores e actores portugueses.
Convive com a música de Jacques Brel desde a sua infância e, por isso, ‘nem pensou duas vezes’ quando foi posto perante o desafio de ser o intérprete único desta peça. “Como cantor e, sobretudo, como performer, ele era o melhor, porque mais do que cantar as letras, ele vivia-as”, afirma Dinarte Branco sobre Jacques Brel.
O autor da peça, Nuno Costa Santos, é açoriano e o desafio que lhe foi lançado pelo Teatro Micaelense foi, por isso, um desafio de “emoções”.
Aos jornalistas disse não ser este “um espectáculo com preocupações formais muito grandes, mas sim um espectáculo para celebrar Jacques Brel, cruzando o seu universo com os Açores, com base na realidade, mas também com alguns elementos de ficção”. Jacques Brel passa pelos Açores numa altura da sua vida em que já tinha abandonado os palcos e procurava no vasto oceano um desejo de anonimato, depois de uma vida sob os holofotes. Foi esse anonimato que ele encontrou nos Açores, onde foi muito bem recebido e tratado por um médico, Luís Decq Mota, que não o reconheceu e que, curiosamente, partilhava com Brel as raízes belgas.
Na preparação da peça, Nuno Costa Santos leu bastante sobre Jacques Brel, sentiu o ‘céu’ de Bruxelas, leu e interpretou as letras do cantor belga e foi à Horta reviver esse encontro. “Foi necessário apaixonarmo-nos e apaixonar a equipa toda por Jacques Brel, que não é de uma geração, é um contemporâneo pela sua atitude e pela força das suas letras, que nos falam da condição humana nos seus extremos”, conclui o autor.
Produção da peça representa “um grande esforço” para o Teatro O espectáculo “Brel nos Açores” é uma produção do Teatro Micaelense, representando “um grande esforço que enaltece os Açores, fazendo muito bem a síntese do local com o global”, afirmou Ana Teixeira da Silva, presidente do Conselho de Administração do Teatro Micaelense. Sobre o tema da peça, Ana Teixeira da Silva lembra a importância de associar os Açores a uma personalidade com a projecção mundial de Jacques Brel, aproveitando-se também o facto do espectáculo estar incluído na programação Açores Região Europeia 2010. Depois da estreia em Ponta Delgada, o espectáculo passa pelo Teatro São Luiz, em Lisboa, entre 24 e 26 de Junho, terminando esta primeira minidigressão no Teatro Faialense, na Horta, a 3 de Julho.
Rui Jorge Cabral, in Açoriano Oriental de 18 Jun'10 *
Foto Jaume Farré (AO)
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