quarta-feira, 8 de maio de 2013

Medíocre

Ninguém tinha dúvidas quanto ao posicionamento do Presidente da República face às opções governativas do Primeiro-Ministro Passos Coelho. Na cerimónia que marcou os 39 anos da Revolução de Abril ficámos com a prova que faltava.

A leitura daquilo que nos foi dado a ver e ouvir reúne um consenso transversal de quem faz o comentário da vida pública da nação lusa. Se o momento presente exige um nível de responsabilidade acima da média, a postura e a intervenção de Cavaco Silva têm sido pautadas por uma insuficiência gritante que terá culminado com o discurso deste 25 de Abril.

Ao contrário do que alguns círculos políticos possam pensar, as pessoas não são parvas e, no momento actual, a construção de narrativas rebuscadas e a imputação de responsabilidades a quem já não nos governa é meio caminho andado para afastar ainda mais as pessoas da política e de uma cidadania activa. As opções hoje em vigor têm um rosto. E na 5ª feira passaram a ter dois. Por mais que o Presidente da República queira negar, já não pode ignorar que é conivente com a austeridade vigente.

Numa entrevista concedida este sábado, à rádio Antena 1 e ao jornal Diário Económico, o constitucionalista Jorge Miranda considerou que o Presidente da República é "largamente responsável" pela falta de consenso entre os partidos políticos portugueses, sobretudo entre o PSD e o PS.

Mas Jorge Miranda faz uma análise mais profunda e questiona o comportamento de Cavaco Silva após as eleições legislativas de 2009, ganhas pelo PS com maioria relativa, e a forma como tem actuado na crise actual: "Não vi, nem ninguém viu, esforço de aproximação entre os partidos", disse, referindo-se ao modo como o Presidente agiu após as eleições que conduziram à formação do segundo governo de José Sócrates. "A crise já estava instalada" e "não havia condições para a nomeação" de um governo minoritário, acrescentou (in Público 27/04/13).

A este propósito recupero o que peremptoriamente afirmou o sociólogo Boaventura Sousa Santos, coordenador do Observatório Permanente da Justiça, quando numa entrevista ao Jornal de Negócios e questionado sobre se o Presidente da República, Cavaco Silva, tomaria a decisão de convocar eleições antecipadas: "Acredito que os políticos podem não ser brilhantes, e este não o é, pelo contrário, é o mais medíocre que tivemos até hoje, mas tudo vai depender do que acontecer nas ruas". Não posso estar mais de acordo. E a cada dia que passa torna-se mais confrangedora a actuação de quem zela pelo destino do país.

É incompreensível que quem faça um apelo ao consenso possa, no minuto seguinte, atacar ostensivamente a esquerda, quando deveria estar empenhado na efectiva procura de compromissos. Tal não se verificou. E o seu posicionamento é “negativo” para a situação política actual e assaz demonstrativo da inabilidade política com que tem conduzido todo este cenário de crise.

Carlos César, na carta que escreveu ao Jornal i na 2ª feira, acabou por ser premonitório no que escreveu sobre Cavaco Silva: "(…) ir para o governo depois de eleições, numa perspectiva de salvação nacional, poderá ser uma obrigação cívica e a única possibilidade de acautelar que a dimensão de protecção social não é destituída a pretexto da consolidação orçamental. Esse devia ser o contexto útil de empenhamento de Cavaco Silva, mas, infelizmente, este não dá sinais de rectificar a conduta que o tem caracterizado como o Presidente mais partidário de sempre. (…)". A sequência dos acontecimentos acabou por lhe dar razão.

Os desafios são mais que muitos mas necessitamos de outro rumo para o país. Alguém acredita que ainda nos faltam três anos de mandato com este presidente?!

* Publicado na edição de 29/04/13 do AO
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sábado, 4 de maio de 2013

A fé (ainda) não paga imposto





















Retirado da edição de Maio da Yuzin. Foto do Reporter.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Quem diria

Ferreira Leite diz que "andamos a fazer sacrifícios em nome de nada"
A confirmação chega-nos hoje em directo pelas 19h00 (hora dos Açores).

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Panazorean

«(...) Apesar das dificuldades que todos sentimos, não podemos deixar de acreditar na Cultura, a mesma não é só despesa, gera riqueza e dela dependem muitas pessoas. Há por vezes quem ignore este simples facto. Assistir a um filme numa sala de cinema nada tem de ver com o visionamento do mesmo no sofá. São situações distintas. Estes são hábitos que devem ser cultivados e o seu consumo deve ser incentivado e estimulado. Também para isso é importante um festival de cinema. E, no caso do Panazorean, as temáticas propostas ajudam-nos a melhor compreender quem somos, quem cá habita e o mundo em que vivemos. (...)
Para ler na íntegra.

* Publicado na edição de 22/04/13 do AO
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domingo, 14 de abril de 2013

Gaspar comeu folga no défice antes do chumbo do TC

A leitura imprescindível do Dinheiro Vivo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Caminho perigoso

«A sucessão agitada destes tempos ajuda à reflexão. Se por um lado somos confrontados com um novo paradigma (palavrão recorrente mas incontornável) no nosso modo e estilo de vida, não é menos verdade que estes dias são propícios a repensarmos quase tudo ou a relativizar parte desse todo. (...)
Para ler na íntegra aqui.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Pacheco Pereira dixit

«(...) o caminho seguido pelo governo para o objectivo de cumprimento do memorando da troika é que põe em causa esse cumprimento, porque não teve em conta qualquer preocupação em salvar um quantum da economia nacional, desprezou os efeitos sociais do “ir para além da troika”, não deu importância a qualquer entendimento social e político, vital em momentos de crise. Foi um caminho de pura engenharia social, económica e política, prosseguido com arrogância por uma mistura de técnicos alcandorados à infalibilidade com políticos de aviário, órfãos de cultura e pensamento, permeáveis a que os interesses instalados definissem os limites da sua política. Quiseram servir os poderosos com um imenso complexo de inferioridade social, e mostraram sempre (mostrou-o de novo o primeiro-ministro ontem), um revanchismo agressivo com os mais fracos
Para ler até final.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chipre, Sócrates e o Orçamento Regional para 2013

O plano de resgate a Chipre, o regresso de Sócrates ao comentário político na televisão pública e a discussão e aprovação do orçamento do primeiro governo de Vasco Cordeiro marcaram a agenda de uma atribulada semana.

Chipre O que aconteceu na antiga colónia inglesa é algo contra o qual julgávamos estar imunes e, em última instância, impensável. Tudo foi decidido em surdina pelos ministros das finanças do Eurogrupo. Ninguém colocou em causa as razões da Alemanha para esta tomada de decisão. Aliás, existem inúmeros contornos em toda esta operação que não são do domínio publico e em muito extravasam o mero resgate do sistema bancário cipriota. Vasco Pulido Valente (Público, 22/03/13) sintetiza o que se passou nesta passagem: “(…) A ideia de impor uma taxa universal aos depósitos de Chipre não veio do Governo do sítio, veio da União Europeia e foi aprovada pelos 17 países do euro, incluindo Portugal, por vontade expressa da Alemanha. Havia outros motivos para tomar essa medida drástica ou, em rigor, qualquer coisa semelhante: a predominância do sector financeiro, o uso da banca para as manobras mais do que suspeitas da oligarquia russa (que lá pusera uma parte importante do seu dinheiro) e, desde Fevereiro, uma incipiente corrida da pequena poupança para levantar a tempo o que era dela. Mas nada disso explica a brutalidade da Alemanha e a abjecta subserviência da União”. Estaremos a assistir em velocidade acelerada ao ‘fim da Europa’ tal como a conhecemos?!

José Sócrates A propensão dos portugueses em dirigir as suas energias para algo aparentemente sem sentido ou com impacto reduzido é algo recorrente. O recente anúncio do regresso de ex-Primeiro Ministro como comentador da RTP provocou uma onda de indignação viral e resultou, inevitavelmente, em mais uma petição online com um número obtuso de signatários. Outras petições há, com questões bem mais importantes e pertinentes, cujos valores de participação ficam muito aquém destas manifestações furiosas e que mais não são do que um bode expiatório para a frustração (compreensível) do estado a que chegamos. Mesmo que haja quem não concorde com a opinião do ex-governante “é absurdo e até antidemocrático exigir que Sócrates seja silenciado”, como escreve o Público em editorial. Para alguns politólogos o regresso de Sócrates ao comentário político tem, pelo menos, duas leituras: António Costa Pinto considera que esta postura “revela a tendência para que alguns líderes voltem aos seus lugares no sistema político” e que esta foi uma “decisão estudada e com uma estratégia política definida”; por seu turno José Adelino Maltez considera a contratação da RTP como um “bom sinal” para a democracia, pois a participação de Sócrates tem a vantagem de permitir o “contraditório” no debate. O regresso à vida pública do ex-primeiro-ministro terá, também ele, outras leituras, sobretudo, na gestão interna do PS. Vamos esperar para ver.

Orçamento Regional’2013 Na Horta foi discutido e aprovado na Assembleia Legislativa dos Açores o primeiro orçamento do primeiro governo liderado por Vasco Cordeiro. Não é um orçamento fácil, nem estes são tempos fáceis. Perante o acompanhamento intermitente que fiz e da leitura das posições assumidas por alguns dos intervenientes, persiste uma ideia de vazio da situação que vivemos. A oposição manifesta alguma dificuldade em olhar para os números, apenas concentrada na aprovação das suas propostas sem olhar a meios para atingir as suas contendas. Não tenho nada contra propostas de aumentos e reforços nas rubricas sociais. Importa sim perceber que nos Açores essa diferenciação já existe há muito. E mesmo nestes dias conturbados elas mantêm-se e são reforçadas na medida daquilo que nos é possível. A discussão política não pode ser cega nem irresponsável, com risco de cair ainda mais em descrédito.

* Publicado na edição de 25/03/13 do AO
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domingo, 24 de março de 2013

Frases









O último texto foi hoje motivo de destaque na edição, deste domingo, do Açoriano Oriental.

sábado, 23 de março de 2013

Put my records ON

terça-feira, 19 de março de 2013

A Viagem Autonómica





















No passado fim-de-semana, data do Decreto de 2 de Março de 1895, foi estreado entre nós – A Viagem Autonómica. Um filme realizado por Filipe Tavares e co-escrito por Nuno Costa Santos e Filipe Tavares.

A temática em torno deste documento - a Autonomia dos Açores - levou a que o filme suscitasse uma enorme curiosidade local e foi necessário programar uma sessão extra para responder às inúmeras solicitações que o mesmo gerou. E não desiludiu. Esse é, pelo menos, o meu entendimento daquilo que nos foi dado a ver a 02 e 03 de Março.

A Autonomia é algo que não é, digamos assim, um assunto corriqueiro. Está intimamente associada ao domínio político e raras são as vezes em que o mesmo é discutido no grande formato e apresentado às massas.

O filme tem esse mérito. O de sistematizar a cronologia do processo autonómico. Num registo que alterna a ficção com o documentário seguimos numa viagem pelo arquipélago a bordo da vespa conduzida pelo jovem actor Gonçalo Cabral, personagem protagonizada por Frederico Amaral, um rosto conhecido do pequeno ecrã e que retrata na perfeição aquilo que são hoje os Açores e o dinamismo e modernidade das novas gerações.

O objectivo desta realização é para Filipe Tavares, "narrar a história da autonomia de uma forma séria e rigorosa, mas que, ao mesmo tempo seja capaz de incorporar um tom informal na abordagem dos conteúdos, e dessa forma conseguir aproximar e gerar impacto junto de vários públicos".

Considero que no essencial isso foi conseguido, na medida em que o filme encerra muita informação e aponta pistas para outras viagens e pesquisas. A "digestão" de toda a informação disponibilizada não é matéria que se faça de ânimo leve e conduz a um espaço de reflexão sobre aquilo que somos e ajudamos a construir no nosso quotidiano.

Auxiliando a desvendar a informação necessária à compreensão da conquista autonómica desfilam no ecrã inúmeras personalidades, dos mais diversos quadrantes políticos e sociais, que nos ajudam a ver, reflectir e compreender aquilo que somos. Nomes como os de José Medeiros Ferreira, Avelino Menezes, Machado Pires, Onésimo Teotónio de Almeida, Carlos Melo Bento, José Decq Mota, Álvaro Monjardino, Mota Amaral e Carlos César são incontornáveis nesta Viagem.

O encontro final entre os dois primeiros presidentes - Mota Amaral e Carlos César - é per si um momento maior, não só do filme, mas no processo de construção autonómica dos Açores. Algo que, por exemplo, a Madeira não pode replicar. E que pelo simbolismo que encerra demonstra o nível de maturidade democrática a que chegamos.

A Viagem Autonómica não está isenta de erros (leia-se opções) que não me importa, aqui, avaliar nem julgar. Considero mais importante dela retirar tudo aquilo que considero relevante destacar. É, sobretudo, mais um contributo e quiçá um ponto de partida para um debate ou reflexão, mais alargado, sobre o delicado momento que vivemos. Até por isso este filme surge no momento certo. Ao contrário do que se possa pensar, o processo de construção autonómico não é um assunto encerrado. E, neste momento, assistimos, uma vez mais, a um ataque do governo central às autonomias regionais, sendo que o argumentário economicista oculta outros perigos bem mais onerosos. O estado é de alerta permanente perante a ameaça centralista. Temos de o fazer de forma construtiva e nunca como uma arma de arremesso sem conteúdo. O futuro está, essencialmente, nas nossas mãos.

A Viagem Autonómica irá prosseguir o seu caminho dentro e fora dos Açores, para melhor dar a conhecer a história aos próprios mas, essencialmente, a todos os que teimam em desconhecer as idiossincrasias da realidade insular.

* Publicado na edição de 11/03/13 do AO
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domingo, 17 de março de 2013

Ziphius

O Ziphius é um dos finalistas no top 5 do concurso de tecnologia Engadget Insert Coin. Votem!

sábado, 16 de março de 2013

10 Anos





















Memória e referência ao número especial da revista :ILHAS sobre a Cimeira das Lajes nesta entrada do :ILHAS.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Leitura obrigatória

«(...) Tudo somado, Vítor Gaspar bateu na parede e levou o país com ele. Com este nível de impostos directos e indirectos, o défice ficará, ainda assim, nos 5,5% do PIB. A über austeridade falhou, por mais conceitos de défice público que Gaspar traga para a discussão para tentar, em vão, esconder os disparates políticos, os erros económicos, a má gestão financeira da crise. (...)»
Para ler na íntegra o editorial de André Macedo a propósito da comunicação ministerial da 7ª avaliação da Troika.

domingo, 10 de março de 2013

Grafonola



A minha entrevista ao programa Grafonola de Miguel Decq Mota na edição deste domingo do Açoriano Oriental.

sexta-feira, 8 de março de 2013

no pasa nada

O ministro das Finanças acha inconcebível o desemprego a caminho dos 18%? Acha inconcebível as falências em série? Acha inconcebível o nível de impostos? O IVA galopante? A queda de investimento? O risco de motim entre os militares? A fuga dos mais novos? O desespero dos reformados? A desconfiança que se abate sobre partidos e instituições? Acha inconcebível aprovar orçamentos que falham previsões e chegam a fevereiro esmagados pela realidade?
A resposta aqui.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Vandalismo

Teatro Micaelense, Ponta Delgada, Março'2013





















O Teatro Micaelense é um edifício classificado como Imóvel de Interesse Público. Nos últimos dias tem sido sujeito a sistemáticos actos de vandalismo, perpetrados por quem não respeita o património comum.

terça-feira, 5 de março de 2013

Não havia necessidade



A espuma destes dias é um manancial de recursos para os humoristas nacionais e para as cadeias da indignação viral em formato virtual. Que o diga Ricardo Araújo Pereira na sua última Boca do Inferno para a Revista Visão - Do cu enquanto agente político. A dita começa assim: "A entrada fulgurante do cu na vida política portuguesa valoriza simultaneamente o cu e a vida política portuguesa. Francisco José Viegas, antigo secretário de Estado da Cultura, disse que, na eventualidade de ser abordado por um desses novos fiscais das facturas, lhe pediria «para ir tomar no cu»". O início era aliciante e cumpriu ao concluir que: "(…) Há mais poesia no cu de Viegas do que no cu de Botto. O eu em que Viegas manda tomar é um cu simbólico. Trata-se de um eu que é metonímia de outro cu. Viegas não ignora que, acima do cu do fiscal das facturas há outros cus, bastante mais poderosos - e, acima desses, outros cus ainda. Essa hierarquia de cus culmina num cu-mor, responsável último pela ideia da fiscalização de facturas". Entretanto a realidade arrependeu-se. E Francisco José Viegas acabou por dar o dito por não dito ao referir, numa entrevista à TSF, que "não se trata de uma crítica a este Governo em particular", mas sim à máquina do Estado, considerando um "absurdo" a possibilidade das pessoas serem notificadas por esta questão. E acrescentou: "Obviamente que há uma cadeia de solidariedade que é necessário manter", afirmou referindo-se aos seus ex-colegas de Governo. "Sinto na mesma uma relação de solidariedade", ainda que, admita, "a linguagem possa não ser institucional". Aquilo que parecia ser um acto de lucidez do Francisco no seu regresso à vida pública, acabou num mea culpa em torno do vocábulo utilizado.

(...)

* Publicado na edição de 25/02/13 do AO
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vacuidade e desconsideração na Cultura

«(...) Chega-se ao fim deste exercício penoso de vacuidade e pretensiosismo sem se perceber o que vai fazer o SEC. A tomar à letra a entrevista que deu, o SEC vai seguramente continuar a divagar sobre os conceitos e os lugares-comuns que tanto preza, e a fazer o que pode na gestão corrente e apertada das instituições que tem sob a sua alçada e cujo funcionamento parece desconhecer. Sobretudo no que respeita às instituições mais patrimoniais — arquivos, bibliotecas e museus —, bem como no que se refere a uma política para o livro, este SEC, a exemplo dos seus antecessores, parece interessado em abandoná-las ao seu próprio destino. Qual grande pensador preocupado com os caminhos da globalização e da Europa, sem esquecer a discussão filosófica acerca dos modelos da “democracia ateniense” — que, devo confessar não me emocionam, mau grado o seu carácter hilariante —, a falta de peso e de meios de que dispõe porventura não lhe deixam alternativa. E é pena! No lugar que ocupo, como leitor assíduo da Biblioteca Nacional, consigo ver o empenho de tantos agentes — votados a si mesmos, desconsiderados e abandonados por quem de direito — e o estado de abandono em que se encontra o nosso património bibliográfico. Nada de hilariante existe nesta constatação, que só me resta denunciar de forma muito séria como um acto de pura irresponsabilidade
A ler o texto do historiador Diogo Ramada Curto na edição de 22/02/2013 do Público.

Para quem não leu aqui fica a entrevista ao SEC - Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, concedida ao mesmo jornal.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A bomba (!)

Marcelo diz que Passos tem de reconhecer que falhou
E tudo continuará como dantes...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Ziphius



O protótipo Ziphius, um robô aquático, é o primeiro projeto da Azorean, uma spin-off da empresa Ydreams e foi escolhido por um dos mais importantes sites internacionais de tecnologia como um dos dez mais interessantes projetos para investir.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Eu já vi este filme

Parque Atlântico, Ponta Delgada, Jan'2013





















A exibição comercial de cinema em Ponta Delgada, e consequentemente na ilha de São Miguel, foi interrompida na passada 4ª feira. Para já não há dados que possam certificar que esta seja uma interrupção temporária ou de carácter permanente. O facto é que de momento ficamos sem Cinema.

A notícia havia sido veiculada, há já algum tempo, mas agora chegou a confirmação pela via mais dolorosa. O encerramento das salas. Acredito que haja uma alternativa para o espaço existente até porque se trata de um serviço imprescindível, parece-me, na actividade de lazer e animação do maior centro comercial de Ponta Delgada. Perante o coro de indignação perante o facto consumado, apetece-me perguntar: onde estavam os que agora reclamam o encerramento das salas de cinema?! A razão pela qual estas encerraram é simples: a contínua perda de espectadores ditou este desfecho. E a crise não justifica tudo.

Os hábitos de quem hoje vai (ou vê) cinema estão em profunda mutação. As salas de cinema dos Açores têm vindo a perder público há mais de uma década. Segundo dados do portal Pordata em 1994 o número médio de espectadores era de 95,4 por sessão, passados 7 anos, em 2011, esse número baixou para 34,4 e desde aí não parou de baixar para, em 2011, se fixar nos 23.

Nos últimos anos esta tem sido uma tendência por todo o país. Fecham mais salas do que aquelas que abrem. Números do Instituto do Cinema e do Audiovisual confirmam que o cinema em Portugal está sobretudo nos centros urbanos do litoral e cada vez mais em multiplexes.

Nos Açores há exibição de cinema em diversas ilhas (em São Miguel para além do circuito comercial existem cineclubes e outras associações que promovem exibições regulares). Mas apenas no Centro Cultural de Angra do Heroísmo é que existe a possibilidade da exibição em formato digital, o que reduz significativamente os custos de exploração e permite ter acesso a um maior número de filmes e aos grandes sucessos comerciais, nomeadamente, todos os que actualmente são filmados em 3D. Existem muitas salas equipadas com máquinas de 35mm (película) mas a sua utilização será cada vez mais residual, ficando muito limitada ao número de filmes disponíveis e com a agravante dos números de espectadores não serem aliciantes para os distribuidores, no que concerne a estreias ou mesmo a um rápido acesso aos títulos. Fazendo com que, muitas das vezes, alguns filmes sejam exibidos meses após a sua estreia, quando a sua disponibilização já está disponível noutras plataformas como o Cabo ou o DVD.

Mas este é um negócio como outro qualquer, quanto a isso não hajam dúvidas. A não ser que o garante da exibição em regiões como os Açores passe por ser Serviço Público. Mas será que o serviço, a programação e a dimensão das salas Castello-Lopes tinham (tiveram) em linha de conta a realidade insular?!

A diversidade da oferta cultural é cada vez mais difícil de manter. E isso preocupa-me. Contudo, não é menos verdade que a disponibilidade financeira das famílias não é a mesma e não há quem programe sem prever esse pequeno grande pormenor. A subida do IVA e do preço dos bilhetes de cinema são, também e em parte, responsáveis. No entanto, considero que o ‘objecto-filme’ passou a ser algo descartável, assim como a internet banalizou a forma como todos nós lidamos com esta expressão artística (tal como acontece com a música). O processo de encerramento das salas de cinema é, infelizmente, uma quase inevitabilidade. Para isso há que perceber que actualmente, por mais que não queiramos reconhecer, a maioria das pessoas consome cinema em casa. Parafraseando o Vitor Belanciano (jornalista do Y/Público): "Pessoalmente, tenho pena, gosto de boas salas e da experiência de ver filmes em público, mas não interessa o que eu penso, nem o que uma minoria sente. Para nós vão continuar a haver salas de cinema, embora menos. E vão continuar a ser germinadas outras formas de dar a ver cinema, como aconteceu no último ano com o filme de João Botelho, por exemplo, que circulou pelo país. Mas essas serão as excepções (que tenderão a multiplicar-se, espero eu) que confirmarão a hegemónica regra: cinema em casa".

O Cinema já não é o que era ou, pelo menos, já não é aquilo que nós queremos que ele fosse.

* Publicado na edição de 04/02/13 do AO
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A responsabilidade não mora aqui



20 anos de gestão autáquica do PSD, em Ponta Delgada, deu nisto.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quais as Perspectivas para a Cultura no Quadro Estratégico Europeu 2014-2020?





















Em trânsito para ver e ouvir amanhã a partir das 09h/18 no Pequeno auditório do Centro Cultural de Belém.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Serviço Público


domingo, 3 de fevereiro de 2013

O prometido é devido





















21 anos depois aqui está ele.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Perigosa trapalhada

Por mais que queira é difícil ignorar a agenda política nacional. O nível da "trapalhada" não nos deixa tranquilos, quanto mais ignorar a dimensão gravosa daquilo que todos os dias passa nos rodapés da TV.

O Governo da República assume compromissos sem saber a real aplicação das medidas que aprova em movimento fast forward, fazendo à pressão e encurtando procedimentos de modo a tentar cumprir o calendário. Este ímpeto legislativo em modo apressado não augura nada de bom.

Aliás, este tem sido um Governo pródigo em definir prazos irrealistas para questões que são de importância fulcral para o presente mas sobretudo para onde queremos ir. Maior exemplo do que aqui digo é o corte de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado que o Governo de Passos Coelho quer implementar até Fevereiro, quando o que estava previsto era um corte gradual até 2014. Mais do que uma discussão séria sobre aquilo que queremos para o futuro do país, o que se está a fazer é apenas o cumprimento de um objectivo orçamental sem levar em linha de conta uma reflexão aturada para uma questão com esta dimensão. Este corte mais não é do que um orçamento rectificativo. Mas já quem diga que mesmo "não chega"(!).

Estamos todos de acordo quanto à necessidade imperiosa em repensar as funções dos Estado. Esta tem sido uma discussão adiada. E pelos vistos não a vamos concretizar, tal a ânsia em proceder ao "corte". Tal como referiu António Barreto, uma das vozes nacionais mais esclarecidas sobre esta e outras matérias, a "(...) reforma deve ser um conjunto de meios para alcançar um fim, um objectivo. Esse objectivo não está definido". E este ponto parece-me particularmente sensível e, pelo nível do discurso governamental, uma questão que se vislumbra perigosa, sobretudo pelo nível de cegueira idealista presente nos vários protagonistas deste processo – Gaspar, Moedas, Relvas, Borges e outros sucedâneos.

Antes sequer de realizarmos esta “discussão”, a mesma já está “minada” (António Barreto). A divulgação do relatório do FMI apanhou quase todos desprevenidos, incluindo o próprio Fundo Monetário Internacional. Contudo não estamos perante um acto ingénuo. Reproduzo aqui o que a este respeito escreveu Manuel Carvalho (Público): “(…) Pode ser que tenha havido uma fuga de informação por falha dos assessores do Governo ou do FMI, que isso pouco interessa. Pode ser até que esta fuga tenha sido minuciosa e estrategicamente pensada para assustar o país e tornar mais aceitável uma proposta no futuro que, sendo dura, está longe de ser radicalmente dura como a que o FMI defende. O que interessa, porém, assinalar é que é absurdo, pouco democrático e ainda menos corajoso que a reforma do Estado seja lançada por nomes para nós tão familiares como Gerd Schwartz, Paulo Lopes, Carlos Mulas Granados, Emily Sinnott, Mauricio Soto e Platon Tinios em vez de ter assinada pelo primeiro-ministro de um Governo responsável pelo presente e pelo futuro próximo do país”. I rest my case.

A acção de Passos Coelho é uma questão ideológica. Por mais absurdo que nos possa parecer, ele acredita verdadeiramente naquilo que está a fazer. E perante a dimensão do abismo, esta perspectiva é verdadeiramente assustadora.

* Publicado na edição de 14/01/13 do AO
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A gozar com o pagode

IVA da cultura e do vinho deveria aumentar, diz o FMI
Isto é demasiado sério para ter piada.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sem tirar nem pôr

«(...) Os sinais de condicionamento do acesso à informação, à cultura e à educação têm vindo a aumentar em Portugal num crescendo avassalador. São muitíssimo preocupantes e não podem deixar de ser vistos como parte de um todo programático destinado a moldar (ou modular?) a sociedade portuguesa ao modelo que Passos Coelho, nas suas limitações culturais, idealizou para o seu país à sua própria semelhança - um país de gente reduzida ao limite inferior das suas possibilidades, limite que não cessa de baixar condicionado por um governo limitado culturalmente»
Artigo de Gabriela Canavilhas na edição de ontem do Diário de Notícias.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mentira ou apenas + 1 trapalhada?!

«(...) Fonte oficial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) afirmou hoje ao Negócios que o departamento legal da instituição "não ouviu falar de nada" relacionado com um pedido de estudo ou relatório, semelhante ao que foi encomendado pelo governo ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Há poucas horas, Pedro Passos Coelho garantiu: "Nós solicitámos também a uma equipa da OCDE que nos pudesse apresentar um relatório com a mesma finalidade [do estudo do FMI]." Acrescentou ainda que o relatório divulgado quarta-feira pelo Negócios "não será a Bíblia" do governo.
(...)»
Para ler na íntegra.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Abandono

Teatro Micaelense (lado Sul), Dez'2013





















O novo ano já lá vai. Os excessos da época deixam sempre marcas. Umas mais óbvias do que outras.

Em Ponta Delgada, este Natal deve ficar na memória pelo abandono a que a urbe passou por estas festividades.

Passamos literalmente do 80 ao 8. Se antes era o culto da personalidade que comandava a acção municipal, actualmente assistimos a um momento de dessacralização. Antes tudo, agora nada, em nome do rigor orçamental. Esta é por estes dias a panaceia que serve para justificar tudo (ou quase).

Mas esta decisão terá sido tomada por convicção ou, como questionou José San-Bento, "porque a situação financeira do Município está de acordo com o que denuncia a oposição?".

Independentemente da resposta, considero que o cenário vivenciado quer no Natal, quer na Passagem de Ano, pouco ou nada dignificam aquela que, não há muito tempo, vociferava, dia sim, dia sim, ser a "maior" cidade dos Açores.

As questões orçamentais não podem tudo legitimar. Mesmo e apesar da falta de civismo de alguns munícipes, o lixo acumulado durante dias a fio não é uma imagem que se deseje perpetuar. A ausência ou o reduzido número de contentores é um caso flagrante junto a alguns dos maiores aglomerados populacionais.

A limpeza do centro histórico é, infelizmente, algo que ultrapassa estas alturas festivas. A cada fim-de-semana que passa o cenário é terceiro-mundista. Os despojos da febre de sábado à noite ficam por sua conta e risco à mercê de quem ao domingo circula pela cidade. Não vale a pena ignorar que este não é um problema. Assim como, não vale a desresponsabilização argumentativa de que esta é, também, uma crise de valores. Estamos perante evidências concretas da utilização do espaço público. E o município demite-se ostensivamente das suas responsabilidades. Que o digam os turistas que aportam ao domingo em Ponta Delgada.

Não é possível criticar o programa da Passagem de Ano em Ponta Delgada, pois ele não existiu. E não me estou a referir à ausência do espectáculo de fogo-de-artifício. É necessário construir um cartaz turístico para esta época do ano, sendo que o mesmo tem de ser diferenciador. Fazer uma cópia (duvidosa ou de gosto duvidoso) daquilo que outros fazem (e sabem fazer), de nada serve. Agora pergunto: o custo da montagem de um palco nas Portas da Cidade, com som e iluminação, faz algum sentido, se aquilo que é promovido não constitui motivo de atracção?! Serve exactamente que propósito (ou de quem)?!

O centro histórico definha há mais de uma década. Esta não é uma situação nova. Como alguns querem agora veicular. Devido a uma deficiente política urbanística a população abandonou o centro e passou a viver num anel periférico. A “ausência” de estacionamento no centro não explica tudo. Os hábitos de consumo mudaram. Só não vê quem não quer.

A este respeito deixo aqui uma citação de João Teixeira Lopes sobre (A Cidade e a Cultura, 1998) a forma como hoje nos apropriamos do espaço público: "as praças e ruas das cidades transformaram-se em lugares de passagem percorridos por «multidões solitárias». São espaços que se desvitalizaram, deslizando progressivamente da categoria de público para a neutralidade do não-privado, através de um enfraquecimento da categoria especificadora - colectivo - que conferia sociabilidade à relação".

O mundo está em mudança. Ponta Delgada parou. E está, literalmente, ao abandono e entregue à sua sorte.

* Publicado na edição de 07/01/13 do AO
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O absurdo é real

"Isto é um absurdo total, estamos a ser governados por rapazes que não sabem o que estão a fazer. Criam as situações e depois não têm qualquer resposta para as implicações que elas têm"
O resto da notícia aqui.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

2013, o ano de todas as (in)certezas



A leitura do ano que agora termina diz-nos que o pior ainda não passou e aquele que seria o ano de "crescimento" arrisca-se a ser um dos períodos mais dolorosos da história recente da democracia portuguesa.

Apesar das dificuldades e da enorme carga de incertezas com que o país está confrontado em 2013, o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, confia que haverá "uma viragem algures no próximo ano". Gosto particularmente do rigor desta previsibilidade e de fazer um paralelismo se as mesmas declarações fossem proferidas pelo anterior titular. Onde é que pára a intelligentsia política e financeira nacional?!

Portugal está imobilizado. O país, a par com o seu Presidente, age sem reacção, espera pela inevitabilidade ou sonha com uma hipotética salvação. A questão é a de que não estamos sós nesta missão. A crise é do mundo ocidental ou do modelo vigente nas sociedades contemporâneas. O consumo, como fim em si mesmo, esgotou-se. A espiral especulativa gorou-se e sem economia real tudo se esfumou. Muito embora haja quem continue a enriquecer com a pobreza alheia e com os países sob intervenção internacional, como é o caso de Portugal.

Enganem-se aqueles que julgam que tudo será como dantes. Estamos num estádio transitório e caminhamos no sentido de um tempo novo. As certezas de outrora deram lugar a um sem número de imprevisibilidades. Continuamos a dar respostas antigas a uma realidade cuja abordagem passa, inexoravelmente, por sair da nossa zona de conforto e olhar, sem tabus, para questões que nos pareciam definitivas e inquestionáveis.

Com isto, não faço a apologia ideológica deste Governo da República e do Primeiro-Ministro que pediu aos portugueses, através da rede que agora se diz social, "orgulho" nos "sacrifícios" que estão a fazer. Esta forma de amizade encapotada não cola, nem me parece particularmente feliz a fórmula encontrada pelos assessores de Passos Coelho em tentar explicar, por estar via, a sua mensagem de Natal que, uma vez mais, se tornou incompreensível à maioria dos portugueses.

A veia obsessiva e completamente desfasada da realidade do país leva a que este Primeiro-Ministro seja, muito provavelmente, o mais impreparado a desempenhar este cargo, levando-o, inclusivamente, a afirmar o que disse no discurso de encerramento da XXII Congresso da Juventude Social-Democrata (JSD): "Hoje, há algumas pessoas que se queixam do esforço que lhes estamos a pedir para que possam ajudar o país a ultrapassar a situação em que ficou", referindo-se a todos os que em Portugal “descontaram para ter reformas, mas não para terem estas reformas", que "não correspondem ao valor dos descontos que essas pessoas fizeram". Insensibilidade social?! Não me parece. Estas afirmações, como outras que têm surgido ao longo deste último ano, quer na chamada "refundação" do Estado, quer nos avanços e recuos de medidas e nas privatizações, não são, na minha opinião, fruto de indefinição. São sim, movimentos orquestrados e trabalhados até ao ínfimo pormenor. Estamos perante uma acção e um discurso governativo sinuoso, egoísta e sem olhar a meios para atingir os fins em que acredita. Como já aqui escrevi, múltiplas e repetidas vezes, este é um tempo perigoso e de todos os perigos.

Para 2013, faço minhas as palavras do coreógrafo Paulo Ribeiro: "O melhor que se pode esperar de 2013 é que seja igual a 2012". Pode parecer uma contradição mas este foi um ano de resistência e de sobrevivência. A questão, "porque não se vê nada" para o próximo ano e que ele muito bem coloca, é – quem nos devolve a "esperança" e quando é que começamos a "viver"?!

* Publicado na edição de 31/12/12 do AO
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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A tradição ainda é o que era

Portas da Cidade, Ponta Delgada, 01 Jan'2013





















O local é o ideal para disponibilizar um WC portátil. No centro histórico de Ponta Delgada, junto a um dos locais mais emblemáticos da cidade. Esta manhã, nas Portas da Cidade, o cheiro nauseabundo configurava uma certa patine e ar cosmopolita.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

domingo, 30 de dezembro de 2012

Excessos

Ponta Delgada, 25 Dez'2012





















Com ou sem crise há coisas que, teimosamente, não mudam.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Apanhado na rede

A propósito de um debate "sério e informado".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A herança





















Documento impresso hoje num serviço camarário da autarquia de Ponta Delgada.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Não gosto









 O fim.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tempos de perversão

«(...) Guilherme d’Oliveira Martins, em declarações este fim-de-semana, afirmou que a Europa vive tempos de perversão, na medida em que as entidades e os países “salvadores” das economias periféricas são os próprios a garrotear a saída para uma situação que ajudaram a criar. Na opinião do presidente do Tribunal Constitucional este ‘modus operandi’ deixa o mundo “às avessas”. Perverso e perigoso, acrescento eu.»

Para ler na íntegra.

domingo, 9 de dezembro de 2012

A propósito do "pagode"

Fico preocupado quando dou por mim a concordar com o Marques Mendes sobre o que este diz do Ministro das Finanças e da forma como Vítor Gaspar olha para os "parvos" dos portugueses.

A preocupação é, a todos os níveis, legitima.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Orçamento mais estúpido do mundo

«(...) Este orçamento é um nado-morto, que será alvo de remendos ao longo do ano. É um orçamento contra os contribuintes, que estimula a economia paralela, a fuga e a evasão fiscal devido à injustissima carga fiscal que lança sobre os contribuintes. É um orçamento contra a economia. E é um orçamento estúpido porque nos conduz a um abismo económico - mas apesar dos avisos e dos alertas, insiste em caminhar nesse sentido. (...)
Para ler íntegra.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lonely boy



A banda sonora para hoje.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

República das Bananas



Jardim vai manter salário de presidente do Governo da Madeira e subvenção vitalícia
Se dúvidas existissem sobre as veleidades deste Governo da República esta excepção é suficientemente esclarecedora.

domingo, 18 de novembro de 2012

Orgulho





















A ler hoje com o Público.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Arranca esta noite



No sítio do costume.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Portugal, a marioneta















A síntese do dia.

domingo, 11 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tudo isto é triste


Bruxelas vê riscos nas metas do défice deste ano e do próximo

Será que o Governo português é o único a não ver aquilo que parece evidente a quase todos?! Ou haverá uma hidden agenda por detrás deste aparente desnorte?!!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

YouTube



Se existe ou aconteceu está . A campanha eleitoral americana não foi excepção.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cavaco Silva não diz nada relevante há 18 dias

"Quando o crescimento económico de um país abranda, a política correcta é precisamente deixar que a receita fiscal baixe automaticamente e não cortar na despesa pública. (...) Se quando um país é atingido por uma crise económica se cortasse a despesa pública, a crise ainda se agravava mais. É por isso que não se deve fazê-lo"
No tempo em que Cavaco falava. A leitura destes 18 dias.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Os mortos

Eu sei, é preciso esquecer,
desenterrar os nosso mortos e voltar a enterrá-los,
os nossos mortos anseiam por morrer
e só a nossa dor pode matá-los.
Tanta memória! O frenesim
escuro das suas palavras comendo-me a boca,
a minha voz numerosa e rouca
de todos eles despreendendo-se de mim.
Porém como esquecer? Com que palavras
e sem que palavras?
Tudo isto (eu sei) é antigo e repetido; fez-se tarde
no que pode ser dito. Onde estavas
quando chamei por ti, literalidade?
E todavia em certos dias materiais
quase posso tocar os meus sentidos
tão perto estou, e morrer nos meus sentidos,
os meus sentidos sentido-me com mãos primeiras
terminais
.

Manuel António Pina

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Histórico

Representante da República indigita presidente do governo
Hoje acontece o que muitos vaticinaram ser impossível ou mesmo improvável. A memória do muito que foi dito e escrito, sobre esta matéria, não prescreve.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Descubra as diferenças















Por estes dias, o que é que temos em comum com NY?! O (mau) tempo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

O país segue dentro de momentos...





















Retirado daqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Aviso(s) à navegação

Em dia de reflexão nos Açores e em véspera da apresentação do Orçamento de Estado para 2013, o Presidente da República resolveu dar a cara ao país na rede social da moda, para dizer o contrário do que o governo tem anunciado, nas últimas semanas, e para se demarcar do mesmo, afirmando: "(…) Nas presentes circunstâncias, não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público fixado em termos nominais", na medida em que "Se o crescimento da economia se revelar menor do que o esperado, o défice nominal será maior do que o objectivo inicialmente fixado, porque a receita dos impostos é inferior ao previsto e as despesas de apoio ao desemprego superiores" (!). E acaba a sua entrada na página do Facebook a citar o economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, que diz: não se deve "impor a adopção de medidas orçamentais adicionais, o que tornaria a situação ainda pior".

Estes avisos à navegação não são novos e a responsável do FMI, Christine Lagarde, já havia referido o mesmo. Em Portugal, já provámos que a receita aplicada não resulta, com as consequências gravosas que se conhecem. A pergunta é simples e óbvia para quase todos: porque é que insistimos no erro?! Perante as medidas conhecidas para o próximo ano, e com a rejeição com que foram recebidas, a resposta transcende-me.

Perante estas posições titubeantes, quer do Governo, quer agora do Presidente da República, está instalado um clima de grande descontentamento e de grande instabilidade em Portugal.

Esta declaração não é inocente e ocorre no mesmo dia em que assistimos a mais uma grande manifestação em Lisboa e em vários pontos do país contra o desemprego, bem como uma "manifestação cultural" para protestar contra o estado calamitoso (e silencioso) com que este Governo ignora o sector e os profissionais que vivem da Cultura. Na rua, a palavra de ordem fez-se ouvir: "Matar a Cultura é matar a alma de um povo". Se o governo mantiver o seu modus operandi o povo arrisca-se a morrer preventivamente.

O mal-estar na coligação governamental PSD/CDS-PP, apesar de todos afirmarem o contrário, não augura nada de bom. Abandonará Paulo Portas o Governo após a aprovação do Orçamento de Estado? O Presidente da República tem um plano B ou já estará a preparar um "Governo de Salvação Nacional" ou de "Iniciativa Presidencial"?!

O nível de incógnitas desta equação é elevado e os riscos associados tremendos. Numa altura em que precisamos de quem saiba para onde vamos, assistimos, infelizmente, a uma penosa prestação das mais altas individualidades do país que se refugiam em retórica circunstancial e a ignorar óbvio.

Os Avisos já deixaram de ser apenas uma questão marginal e tomaram conta do espaço público. Os sinais são por demais evidentes. Só não os vê quem não quer. E o Governo de Passos Coelho já provou que não os sabe ler e entrou em negação.

Parafraseando Ferreira Fernandes, ontem no DN: «(…) Mau analista político que eu sabia ser, refugiei-me no bom senso e escrevi a crónica a 6 de Junho de 2011. Errei foi na última frase: "Pensem nisso, antes que os factos obriguem a pensá-lo daqui a seis meses." Fui totalmente otimista. Precisámos de um ano e quatro meses.» De quanto tempo mais necessitará o Ministro das Finanças?! Se for demasiado, pode ser tarde demais…

* Publicado na edição de 15/10/12 do AO
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mercenário(s)

É este o resultado quando se recorre a mercenários.

domingo, 14 de outubro de 2012

sábado, 13 de outubro de 2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O ano de todos os perigos

O Ministro da Economia anunciou, em Novembro de 2011, que 2012 seria o ano que "irá marcar o fim da crise". No entanto, e como podemos todos testemunhar, este tem sido o ano de todos os perigos. Se bem que com as medidas enunciadas pelo Ministro das Finanças, na passada 4ª feira, 2013 atreve-se a ser um ano onde vamos estar, todos, sem excepção, mais pobres. Sem que, com isso, haja uma perspectiva positiva quanto ao nosso futuro mais próximo. A Grécia, essa sim, já nos pareceu mais distante.

Este é o ponto de convergência, na minha opinião, das preocupações dos portugueses. E os açorianos não são excepção. Mais do que a quezília partidária, as inverdades e a irresponsabilidade com que alguns líderes partidários têm norteado a sua campanha, as pessoas querem ouvir dos políticos as soluções para estes tempos de incerteza.

Nesta medida exigia-se responsabilidade absoluta dos agentes políticos. Infelizmente, não é o que temos assistido. Ou melhor, não é isto que a líder do PSD/A tem protagonizado, transmitindo uma pálida imagem daquilo que deve ser alguém com a sua ambição.

Vamos a factos. No XIX Congresso do PSD/A, em Abril deste ano, Passos Coelho era entronizado cavaleiro da salvação deste reino e do próximo. Nesta altura a líder do PSD/A não poupou elogios ao líder nacional e, também, 1º Ministro: "(…) Desde sempre que Pedro Passos Coelho sabe, vive, compreende e apoia o projecto autonómico. É um autonomista convicto e de longa data. Estamos solidários com a tarefa patriótica que o Governo da República está a empreender. (…) Prometo dialogar com lealdade (…)". A última palavra define com rigor o que entretanto se passou.

Nas últimas semanas, o encantamento desapareceu e o príncipe passou a ser um sapo difícil de engolir e tornou-se impróprio para consumo (interno). Consta que, contrariamente a todos os restantes líderes nacionais, Passos Coelho não virá aos Açores apoiar a 'sua' candidata. Em entrevista ao i, no início de Setembro, a candidata social-democrata, afirmou que já tinha pedido a Passos que marcasse presença na campanha "É primeiro-ministro e tem uma agenda complexa, mas virá com certeza aos Açores", garantiu então. Questionada sobre se o apoio de Passos Coelho seria importante, foi taxativa: "O apoio do primeiro-ministro de Portugal é sempre importante para qualquer candidato ao governo regional". Perante este último desenvolvimento fica clara a importância dada à candidata.

Não obstante tudo isto, as incoerências têm sido recorrentes e uma constante ao longo de toda a esta campanha. Depois de ter dito o que ninguém disse de Passos Coelho a líder do PSD/A, no dia seguinte à sua entrevista na RTP/A, veio dizer que afinal a culpa não era do 1º Ministro mas sim de quem estava com ele no governo. E como se isso não bastasse afirmou que as declarações de António Borges (que acusou os empresários que criticaram a TSU de serem "ignorantes") "não ajudaram" o primeiro-ministro a alcançar o consenso nacional. Será que estamos perante a mesma líder que pediu "sentido de responsabilidade" dos líderes políticos e 'confiança', aos eleitores, nos políticos que os representam?!

Mas o melhor ainda estava para vir. No rescaldo do anúncio das novas medidas de austeridade, apresentadas pelo Ministro das Finanças, a candidata do PSD/A disse que as mesmas terão "um impacto próximo do zero nos Açores" devido às propostas que apresentou, em torno do corte nos vencimentos dos políticos e número de deputados. Quanta falácia! O que a candidata não diz é que a aplicação destas medidas carece de um amplo consenso político, não são de implementação imediata e, por esta via, não são, seguramente, a solução que a população e os empresários necessitam.

Estranho é que as medidas assumidas pelo PS/A, para minimizar os efeitos da crise e das medidas de austeridade impostas aos portugueses, tivessem sido sistematicamente criticadas pelo PSD/A. Mais estranho se torna que o mesmo partido, agora, as queira bonificar. É caso para questionar: com que dinheiro e com que moralidade?!

Os tempos estão perigosos e propícios a demagogia de ocasião, propalada sem o menor pejo e sem olhar a meios. Nunca como agora foi tão importante votar, de modo a garantir um projecto sólido e com garantia de futuro. Vasco Cordeiro é o líder no qual deposito a confiança para ganhar(mos), todos, os desafios que se avizinham.

* Publicado na edição de 08/10/12 do AO
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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Equipa B

Marcelo e Marques Mendes "substituem" Passos na campanha dos Açores
Um governo e um 1º Ministro ausentes fazem-se substituir pelas antigas estrelas da companhia.

O incómodo já não é apenas aparente, passou a ser real(idade).

domingo, 7 de outubro de 2012

A propósito de 'fanatismo fiscal'



Será que o líder do CDS-PP/Açores ainda (re)conhece o líder nacional?!

Fica aqui uma lembrança.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sondagem: PS ganha com 41,9% dos votos



Boas notícias para analisar com serenidade. Mais aqui.

A prova viva de que poderão mesmo existir extraterrestres *





















Parcialmente inspirado no IP.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

domingo, 30 de setembro de 2012

A política do «vale tudo»

Como é que nos Açores se defende que Passos é um produto fora de prazo e se vem para o Continente sustentar o contrário?

A resposta num blog aqui tão perto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Extinguir Q/b

«A longa e polémica história da Fundação do PSD-Madeira que o Governo não extinguiu»

A ler.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ganhar o Futuro

[Tinha planeado escrever algo completamente diferente. Lamentavelmente, a agenda noticiosa da semana não deixou margem para dar folga aos assuntos na ordem do dia. Posto isto, vamos ao que interessa.]

Não é preciso ser economista ou superdotado para perceber o clima depressivo em que se encontra o país, as pessoas e a economia real. A manifestação deste sábado é a prova que, pelos vistos, faltava.

Passos Coelho já tinha feito um pré-anúncio para mais medidas de austeridade quando afirmou, a 05 de Setembro, que «Todos desejaremos, não tenho dúvida nenhuma, ultrapassar as nossas dificuldades sem sobrecarregar mais os portugueses com impostos, mas nenhum de nós está em condições de dizer que não vai tomar uma ou outra decisão se ela tiver de ser adoptada» (!).

O formato para o anúncio de novas medidas de austeridade revelou-se imponderado, "num discurso trapalhão e mal escrito, despachado à pressa entre um jogo de futebol e um concerto em que ele próprio resolveu cantar o inesquecível clássico 'Chamava-se Nini/vestia de organdi'" (Vasco Pulido Valente, Público 14/09/12).

O Governo de Passos Coelho não previu, e aí mostrou o quão distante está da realidade, a reacção dos portugueses. Perante a inevitabilidade do agravamento da austeridade com base numa pretensa equidade dos sacrifícios, a indignação tomou posse dos acontecimentos, o país gritou - Basta!

O amplo consenso social e político dito "abençoado" pelo Ministro das Finanças revelou-se, afinal, aparente. Este Governo anda a fazer "experimentalismo social" com as pessoas. Só assim se compreende que o Governo de Passos Coelho, por sua conta e risco, exija aos portugueses um esforço de redução do défice "na ordem dos 4,9 mil milhões de euros", valor quase seis vezes superior à redução necessária combinada com a troika. Isto só pode ser explicado de duas maneiras: ou o valor está incorrecto, e o Governo da República anda a ocultá-lo; ou a margem para errar é enorme e Vítor Gaspar está a precaver-se de futuros deslizes.

Os portugueses não se têm esquivado aos sacrifícios. O que não vislumbram é uma luz ao fundo do túnel. Os sacrifícios impostos não têm resultado. Pior. Têm resultado, isso sim, num agravamento generalizado da situação económica do país. E é isso que ninguém compreende, que sejam sempre os mesmos a pagar a factura, e o Estado não reduza, de forma concreta, a sua despesa.

Quando se diz que o que importa são as empresas exportadoras, não estamos a negligenciar todo o restante tecido empresarial português que representa a esmagadora maioria da força de trabalho do país?! Não é isto um despautério e uma incoerência abissal?! Olhamos para fora para não ligarmos à realidade que nos rodeia?! Isto faz-me lembrar o Ministro que no estrangeiro não fala de assuntos internos e o outro que não fala no país, mas que aproveita para falar no estrangeiro aquilo que não diz cá dentro.

Nos Açores, esta sucessão vertiginosa de acontecimentos também tem gerado as reacções mais curiosas, umas mais estranhas do que outras. Apesar de, para mim, algumas não constituírem surpresas, mas serem, sobretudo, a confirmação de algumas certezas.

O PSD/A deve ser a única extensão do partido que compreende as novas medidas de austeridade. Mas, mais grave é que este é mais um exemplo daquilo a que o PSD/A já nos habituou. Sempre que há uma decisão do governo de Passos Coelho que é danosa para os Açores - das viagens aéreas, da ANA, da Universidade ou da RTP/A - o PSD/A presta-se, não em contrapor com as maleitas que nos querem impor, mas em encontrar soluções à custa do orçamento regional para compensar os prejuízos que nos impõem.

A demagogia e a promessa facilitista tomaram de assalto o discurso eleitoral da líder do PSD/A quando ainda faltam 26 dias para o final da campanha. Em política não pode valer tudo, com risco de tudo perder.

Os Açores querem outro candidato e outro discurso para ganhar o futuro que, "mais próximo ou mais remoto, não vai resgatar-se miraculosamente" (José Luís Ferreira, SLTM).

* Publicado na edição de 17/09/12 do AO
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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Convidada especial

A última sessão plenária da IX legislatura ficou indubitavelmente marcada pela intervenção final de Carlos César na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Foi deputado na oposição durante várias legislaturas e Presidente do Governo nos últimos 16 anos.

O seu discurso aludiu ao momento difícil que atravessa o país, e ao qual os Açores não estão imunes. Não vivemos um tempo normal, nem, desde o início da crise, o Governo Regional se furtou às suas responsabilidades. O memorando de entendimento entre os Açores e a República e o relatório da Inspecção Geral das Finanças têm sido cartel da oposição, que não está interessada em discutir soluções e, muito menos, em apresentar o que quer que seja. Permitam-me uma correcção: o PSD/A (e restante oposição) apressa-se, sim, a apresentar medidas sem cabimento orçamental, com carácter populista e demagógico, para depois vir a terreiro criticar as medidas tomadas pelo Governo, criticando o "supérfluo" e, de forma incompreensível, prometendo tudo a todos. É, e tem sido, um caso patológico.

A resposta dada por César não podia ser mais concludente: «(…) Só o desconhecimento total da função governativa no espaço em que vivemos, ou a mais primária das demagogias, é que pode levar, mesmo em vésperas de eleições, a contestar que não só tem que ser assim como há muito que é assim. (…) Não há perda de Autonomia com este memorando. Perda de Autonomia houve, sim, para o país e para todos nós quando o país ficou nas mãos do Fundo Monetário Internacional e da "troika"».

O que começou por ser uma agenda tranquila, rapidamente se transformou num frenesim. A um mês das eleições, o que importa é o soundbyte e o ruído foi a nota dominante. Se bem que o silêncio de alguns foi motivo de estupefacção. O proteccionismo operado pela maior bancada da oposição em torno da líder, presente, qual convidada especial, foi penoso, sendo notória a necessidade de fuga ao confronto directo com Vasco Cordeiro, para se remeter a um encerramento do debate de urgência (figura regimental que não permite o contraditório). Os actos são demonstrativos da fibra de quem os protagoniza.

Curiosamente, a meio do plenário e da discussão de urgência, caía uma bomba. Afinal, a troika, que está em Portugal para analisar o cumprimento do programa de assistência económica e financeira a Portugal, não vai reunir com o Governo dos Açores, "por não considerar necessário esse encontro". Segundo a LUSA, a "decisão da troika deve-se ao bom estado das finanças regionais". Se dúvidas houvesse, esta declaração dissipa-as. Pelos vistos, os deputados do PSD/A na República não têm estado atentos e embarcaram na campanha para "denegrir" a Região, remetendo um requerimento ao Governo da República - o mesmo que esteve reunido com os representantes da "troika" (?!). Este tipo de acção política é inútil.

Vivemos num mundo em mudança. As soluções do passado não têm lugar nos tempos actuais. As respostas convencionais tornaram-se obsoletas. Não há lugar para dogmas. O que ontem era uma certeza, hoje são muitas dúvidas. Não existem empregos para a vida, nem uma vida de pleno emprego. Ainda não superamos o choque do embate com esta realidade e reinvenção passou a ser palavra de ordem.

O eleitorado já não se move pela promessa fácil. No entanto, há quem continue a achar que as pessoas não estão atentas e que as mudanças se fazem por decreto ou por intervenção divina. Os Açores e o mundo, entretanto, já mudaram.

* Publicado na edição de 10/09/12 do AO
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sábado, 15 de setembro de 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Perigoso

«Os trabalhadores que paguem a crise e TC que se lixe
Passos Coelho aproveitou a estadia da troika em Portugal para responder, pela teimosia, às reticências gerais, e especialmente do PR, do PS e do CDS, às suas medidas de austeridade centradas sobre as mesmas vítimas, desafiando até o Acórdão do Tribunal Constitucional sobre as prestações do 13º e 14º mês da função pública e reformados desta. O expediente anunciado para a baixa da TSU para os patrões e a subida desta para os trabalhadores é simplesmente escandaloso.Este homem começa a ser perigoso para o bom funcionamento da sociedade.»
aviso de José Medeiros Ferreira.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cultura = mais-valia económica

Não podemos dizer que Agosto foi monótono em termos noticiosos. O Governo da República quer fazer de nós - portugueses - parvos. Mas está a enganar-se a si próprio. E, ainda não percebeu ou não quer perceber, que a ladainha miserabilista e do "custe o que custar" já provou não ser a solução para os 'males' do país.

Se por um lado Agosto é o mês de férias, por excelência, este ano não foi exactamente assim, na medida em que as férias de uma imensa maioria dos trabalhadores nacionais foram, seguramente, "cá dentro" e sem direito a opção. O acesso a este direito (constitucionalmente consagrado), é agora tido como um "privilégio" e foi responsável pela descida (expectável) dos números do turismo. Felizmente, a subida dos turistas estrangeiros em Portugal atenuaram a forte quebra do mercado interno.

No entanto, existem exemplos de como é possível contrariar o estado depressivo em que vivemos. Na passada semana tive a oportunidade de participar numa das sessões de trabalho da edição 2012 da Universidade de Verão da Assembleia das Regiões da Europa (AER – Summer Schools) que decorreu em Ponta Delgada, de 20 a 25 de Agosto, no complexo científico da Universidade dos Açores.

Durante este período cerca de 130 participantes, oriundos dos mais diversos pontos da Europa, reuniram-se, entre nós, para discutir os desafios futuros em torno do potencial económico da cultura e das indústrias criativas, bem como, o papel das regiões da europa na sua promoção.

Neste sentido, assisti à comunicação de Francisca Abreu (vereadora da cultura da cidade de Guimarães) que fez um balanço dos primeiros 6 meses de - Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, onde, de forma bastante concreta, foi apresentado o conceito no qual assentou toda a estratégia que esteve na essência da candidatura a Capital Europeia da Cultura. Mais do que um momento efémero, o projecto delineado para Guimarães é um processo de inclusão, numa acção que pretendeu, desde início, integrar a população na construção do futuro da cidade. Este plano foi concebido tendo por base o desenvolvimento económico local - numa região com uma taxa de desemprego jovem elevada, devido à crise que o sector têxtil atravessa - e a reabilitação urbana do centro histórico de Guimarães. Mas este processo não foi feito de um ano para o outro. Toda esta acção decorre há quase 15 anos e culminou com o processo de candidatura (e conquista) da Capital Europeia da Cultura.

Há, neste exemplo, inúmeras leituras que devemos retirar e reflectir sobre aquilo que nos rodeia. Sem um centro histórico dinâmico e com vida não há cidade que resista. Ponta Delgada é, infelizmente, disso, um mau exemplo. Acredito, contudo, apesar da inexistência de um plano estratégico para a cidade e para o concelho, que ainda possamos corrigir o vazio por que tem passado, nos últimos 20 anos, a maior autarquia dos Açores.

E o resultado de Guimarães 2012?! Ao contrário do resto do país, e graças a uma série de iniciativas, da programação e de uma comunicação actual e apelativa, Guimarães subiu em todos os indicadores económicos associados ao sector turístico, da hotelaria, à restauração, passando pelo número de entradas nos museus e espectáculos. É, igualmente, um sucesso de visibilidade e notoriedade internacional, com referências nas mais importantes publicações internacionais, desde o New York Times, à revista Wallpaper e ao Lonely Planet.

E o que temos nós a aprender com este tipo de exemplos?! Muito. A começar pelo modo como olhamos para quem organiza e dinamiza a coisa cultural, pois é a prova, mais do que provada, de que se trata de uma mais-valia económica, a qual pode ser potenciada se lhe for dada a escala devida.

A Cultura não deve servir de arma de arremesso eleitoral, nem de promessa demagógica de pré-campanha presente numa simples troca de "menos festas" por mais "apoios sociais aos idosos e famílias açorianas". Os açorianos não necessitam de palavras vãs, precisam, isso sim, de quem olhe com confiança para o futuro.

* Publicado na edição de 03/09/12 do AO
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

-40 dias